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Dia do Diretor: Celebração, Reconhecimento Reflexão e Gratidão no Diário de Vacaria

Um episódio especial em homenagem ao Dia do Diretor Escolar revela os bastidores de quem lidera com escuta, coragem e coração

Hoje, dia 12 de novembro, o Estúdio do Diário de Vacaria se transformou em um espaço de escuta e homenagem. Em comemoração ao Dia do Diretor Escolar, quatro convidados compartilharam histórias, desafios e sentimentos que só quem vive o dia a dia da escola pode expressar com verdade.

Estavam presentes Gilvana Rissardi Baldin, coordenadora da 23ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), e os diretores Félix Bernardi (Escola José Fernandes de Oliveira – Zezinho), Alexandra Borba (Escola Jardim América) e Dulce Barp (Escola Irmão Getúlio).

Dia do Diretor – 12 de Novembro

O encontro, além de marcar a data simbólica, deu voz a quem está no centro da escola pública, carregando responsabilidades que vão muito além do pedagógico. Cada fala revelou não apenas a função de liderar, mas a sensibilidade necessária para compreender o que acontece entre os corredores, salas e pátios escolares. Confira alguns trechos:

Liderar com presença: a base de tudo

Logo no início do diálogo, A coordenadora Gilvana Baldin foi direta ao descrever o papel do diretor: “O diretor é a peça fundamental dentro de uma escola, porque ele carrega junto com ele toda a responsabilidade administrativa, pedagógica, financeira, dos recursos humanos, do contato com as famílias, enfim, tudo que envolve o espaço escolar diariamente.”

Em sua fala, ela destacou que a 23ª CRE abrange 28 escolas e cerca de 7.300 alunos. Em todas essas instituições, o diretor é aquele que articula, acolhe, media conflitos, decide com firmeza e age com humanidade.

O olhar de Gilvana vai além do cargo: ela reconhece que nenhum espaço escolar se sustenta sem essa figura que, muitas vezes, precisa ser muitas ao mesmo tempo – líder, gestor, conselheiro, referência.

Um pátio silencioso e um alerta urgente

Com olhar sensível, Alexandra Borba trouxe à tona um dos grandes desafios da atualidade: a quebra das conexões humanas entre os estudantes. “Hoje a gente percebe um distanciamento muito grande entre as crianças e os adolescentes. As crianças têm dificuldades de conversar entre si, de brincar, de olhar no olho. E isso assusta muito.”

Enquanto a tecnologia avança, o contato humano parece recuar. Mas a escola, como lembrou Alexandra, resiste. Com ações simples, como o recreio dirigido e a contação de histórias, tenta resgatar vínculos e oferecer espaços de convivência mais afetiva. “Os livros encantam, resgatam”, disse, apostando no poder transformador das narrativas como ponte entre alunos e sentimentos.

Quando o silêncio fala mais alto que o grito

Dulce Barp complementou esse cenário com uma preocupação que emociona pela lucidez: nem todo sofrimento se expressa em voz alta. “A gente se preocupa com o aluno que é mais agitado, que fala mais alto, que se envolve em briga. E aquele aluno que tá quietinho? Que tá sofrendo calado?”

A escuta, nesse contexto, passa a ser o principal instrumento da direção escolar. Mais do que observar comportamentos, é preciso captar os silêncios, os olhares, os gestos que pedem ajuda. Dulce fez questão de destacar que a rede de apoio na escola – professores, orientadores, funcionários – precisa estar atenta, mas que cabe ao diretor o papel de garantir que essa escuta se transforme em acolhimento real.

O diretor que serve merenda e histórias

Félix Bernardi trouxe à conversa a simplicidade cheia de significado do seu cotidiano. “Eu estou sempre ali na entrada da escola. Entrego aluno para mãe, para pai. Tem dia que eu sirvo a merenda, converso com os alunos. Todos têm uma história para contar. Eu escuto.”

Sua fala resume a essência da direção escolar que inspira: presença. Em cada gesto, desde os mais administrativos até os mais afetivos, ele mostra que o vínculo é construído diariamente, com atenção e interesse verdadeiro. Ser diretor, nesse sentido, é muito mais do que gerir – é participar.

Quando é preciso agir com coragem

Entre memórias e reflexões, Félix falou sobre uma situação de conflito que enfrentou dentro da escola. Um episódio que poderia ser apenas mais uma briga de alunos ganhou outra dimensão quando ele interveio diretamente. “Teve gente que disse: ‘tu não devia ter feito isso, se acontece alguma coisa’. Mas se eu tiver que virar as costas para um aluno, eu deixo de ser diretor. Eu não vou me omitir.”

Não se trata apenas de autoridade, mas de responsabilidade afetiva. A coragem de agir é também a coragem de não abandonar. E para muitos diretores, essa é uma linha tênue que se enfrenta todos os dias.

Onde estão as famílias?

A fala de Gilvana Baldin trouxe um dado alarmante: há escolas em que 50% dos alunos do Ensino Médio estão em situação de infrequência. E mais do que números, isso revela um vazio. “Isso já não é mais um problema pedagógico, é social. Onde é que está a família desse aluno?”

A ausência da família no cotidiano escolar compromete todo o processo educativo. E os diretores, além de suas atribuições já amplas, muitas vezes precisam assumir também esse papel de apoio, orientação e referência familiar.

Cuidar de quem cuida

Dulce falou sobre um ponto essencial: o cuidado com os professores. “E o professor também está adoecendo. A gente precisa cuidar do professor também. Às vezes ele chega e diz: ‘olha, hoje eu não consigo’. E o diretor tem que estar atento também ao professor, não é? Acolher esse professor também, que tá ali dando o seu melhor.”

Os professores são o coração da escola, e os diretores, muitas vezes, são os únicos que percebem os sinais de exaustão. Dulce defendeu um olhar mais atento à saúde mental dos profissionais que sustentam a escola com dedicação diária.

Quando tudo parece desabar, o apoio segura

O acidente envolvendo alunos da Escola Irmão Getúlio durante uma viagem pedagógica foi lembrado por Dulce com emoção. “Eu agradeço muito aos colegas diretores, à coordenadoria, à Secretaria de Educação, à prefeitura. O apoio que a gente recebeu fez toda a diferença.”

O episódio, além de ter mobilizado a comunidade, revelou o quanto a rede de solidariedade é essencial nos momentos mais difíceis. “Os alunos foram incríveis”, disse Dulce, referindo-se à maturidade com que enfrentaram o ocorrido. Em tempos de crise, a escola mostrou sua força.

Julgamentos precipitados e a confiança nos estudantes

Durante o episódio, Lucas Barp trouxe à tona um aspecto delicado do acidente envolvendo alunos da Escola Irmão Getúlio: os comentários circulados nas redes sociais que insinuavam que os estudantes poderiam ter provocado o incidente.

“Logo que aconteceu essa situação do ônibus, algumas pessoas, informações aí de redes sociais chegaram a imputar culpa em alguns dos estudantes”, relatou. Em seguida, acrescentou: “extremamente revoltante de ouvir isso”

A fala destacou a gravidade de se levantar hipóteses infundadas num momento tão sensível, especialmente quando essas suspeitas atingem jovens que participavam de uma atividade pedagógica séria e planejada.

A coordenadora Gilvana Rissardi Baldin reafirmou a confiança da 23ª CRE nos alunos e na condução da viagem por parte da escola.

“Nós acreditamos nos nossos estudantes, né? Nós acreditamos no projeto que foi feito, projeto totalmente sério, né? Um estudo pedagógico. […] Quando a gente recebeu essas críticas, essas falas, a gente não deu assim tanta importância porque realmente a gente desacreditava totalmente nessa colocação.”

Com serenidade, Gilvana deixou claro que a seriedade do trabalho pedagógico e o comportamento dos alunos não deixavam margem para dúvidas sobre a integridade do grupo naquele momento.

Escutar, explicar e se posicionar

As redes sociais transformaram a forma como conflitos escolares são expostos. Para Félix, a melhor resposta ainda é o diálogo. “Eu resolvo tudo no diálogo. Pode ser um aluno que não gosta de mim, mas ele sabe que eu tô ali. Eu olho no olho.”

Dulce também comentou o quanto a escola, muitas vezes, é julgada injustamente. “A gente não expõe, mas a gente também tem que se posicionar quando há injustiça.” A confiança, nesses momentos, se constrói com verdade e presença.

Prevenção e acolhimento diante dos vapes

O uso de cigarros eletrônicos por estudantes é uma realidade presente nas escolas. Dulce compartilhou a abordagem adotada na Escola Irmão Getúlio: conversa, escuta, envolvimento das famílias. “Quando pega vape, chama a família, conversa, encaminha se for necessário. A gente não expõe, mas cuida.”

A fala traduz um modelo de direção que protege sem punir de imediato, que busca caminhos educativos e humanos mesmo diante de problemas sérios.

Celebrar também o que dá certo

Alexandra fez um apelo sincero: que a sociedade também reconheça o que funciona nas escolas. “A gente tem muita coisa boa para contar. Projetos, aprendizados, convivência. Mas muitas vezes só aparecemos quando tem problema.”

Dulce reforçou: “a gente poderia ter saído no Fantástico por tanta coisa boa que acontece na escola.” Porque a escola pública, apesar dos desafios, é também lugar de potência, afeto e transformação. E essas histórias merecem ecoar.

Gratidão a quem faz a escola acontecer

Ao encerrar o episódio, Gilvana Baldin olhou com carinho para os colegas e resumiu o sentimento da coordenadoria: “Vocês representam os 28 diretores da nossa região. E o que sentimos por vocês é gratidão.”

O podcast terminou com o mesmo tom que guiou toda a conversa: verdade, emoção e compromisso. O diretor escolar não é apenas o que decide, mas o que escuta, cuida, acolhe e acredita. Mesmo nos dias difíceis. Mesmo quando ninguém vê.

Parabéns Diretor(a)!

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