Verão, estrada e patinhas seguras: férias boas também para os pets da família

Com a chegada do verão, muitas famílias já começam a se organizar para as férias, viagens e momentos de lazer. No entanto, nesse período que inspira descanso, os tutores de pets precisam redobrar a atenção. A mudança de rotina e as altas temperaturas representam riscos sérios à saúde e bem-estar dos animais.

Pensando nisso, o Diário de Vacaria encerrou a temporada 2025 do podcast Diário Pet com um episódio especial. O apresentador Lucas recebeu novamente a veterinária Dienifer Sutil para orientar pais e mães de pets sobre os principais cuidados com os animais nesta época do ano.

Assista o podcast completo do Diário de Vacaria no YouTube, clicando aqui.

“Chegamos na reta final do ano, chegou o verão”, comentou Lucas ao abrir a conversa, lembrando que essa estação também marca o início do período mais intenso de deslocamentos familiares.

Saúde preventiva: o primeiro item do checklist antes de viajar

Para começar a planejar uma viagem com pets, o primeiro ponto citado por Dienifer é a verificação da saúde do animal. Ela destaca que, antes de qualquer passeio, é necessário que vacinas, vermífugos e antiparasitários estejam em dia.

“Tu vai levar um animal para outro local, tá saindo do ambiente de casa, do ambiente seguro… Então vacinas em dia, vermifugação e antiparasitário. Isso tem que estar em dia antes de viajar”, orientou. E faz um alerta importante: não basta vacinar o animal na véspera da viagem. “Tem que ser uma programação antes, porque todas as vacinas levam cerca de 15 dias pro sistema imunológico reagir”, explicou.

Dienifer ainda lembrou que, em viagens aéreas ou para fora do estado, é comum que a vacina contra raiva precise estar aplicada há pelo menos 30 dias.

Kit de sobrevivência: o que não pode faltar na mala do seu pet

Levar o pet na viagem também exige um preparo específico. Além da saúde, é preciso pensar no kit básico de sobrevivência do animal. Isso inclui a ração que ele já está habituado a comer, potes de água e comida, e outros objetos do dia a dia.

“Se você trocar de ração, já tem o risco de dar uma diarreia, de dar um transtorno gastrointestinal… Então já leva a ração que você tem em casa”, orientou Dienifer, frisando que a mudança alimentar pode gerar problemas sérios durante a viagem. “Daqui a pouco você ter que levar o teu pet no veterinário no meio da viagem, isso dá uma dor de cabeça.”

Lucas reforçou esse ponto dizendo que ele mesmo tem se atentado a esse tipo de cuidado com seu cachorro Sanduíche. “Uma das coisas que eu particularmente tenho visto com o Sanduíche é como levar ele”, comentou.

Transporte seguro: lei, conforto e segurança no trajeto

O transporte dos pets precisa seguir normas de segurança. Dienifer explicou que o animal não pode ficar solto dentro do carro. “Ele tem que ter ou um cinto de segurança que mantenha ele preso ou numa caixa de transporte. Isso inclusive é lei”, afirmou.

Lucas compartilhou sua experiência ao usar um cinto que prende o cachorro à coleira. Dienifer explicou que o uso do peitoral é mais adequado, pois oferece mais conforto ao animal e facilita a fixação ao cinto. “O peitoral ele acaba sendo mais confortável pro animal, evita ele ficar puxando”, comentou.

Ela alertou também para a ventilação no carro, principalmente com altas temperaturas. “Se as pessoas estão passando muito calor, tem que entender que o cão tá passando ainda mais, porque ele não faz troca pela pele, e sim pela respiração”, lembrou.

Dienifer relatou um caso de emergência que atendeu: um pug que foi deixado dentro de uma caixa de transporte no carro, enquanto os tutores almoçavam. “Ele acabou fazendo uma hipertermia. Os cães fazem troca de calor pela respiração, e os de focinho achatado têm dificuldade nisso. Ele chegou em estado grave para atendimento”, contou.

Riscos do calor: desidratação, queimaduras e hipertermia

O verão impõe riscos reais à saúde dos animais. Dienifer esclareceu que cães não transpiram como os humanos e fazem a troca de calor principalmente pela respiração e pelas patinhas. “Eles transpiram pelos coxins, pelas patinhas. Então tu pensa: altas temperaturas, calor, colocando as patinhas direto naquele piso quente, além de queimar, dificulta a troca de calor.”

Sobre a língua de fora e a respiração ofegante, Dienifer explicou: “É normal até certo ponto. Mas se ficou excessivo, é sinal de que o animal tá passando mal.” Lucas comentou que não sabia que a transpiração acontecia pelas patas: “Eu não sabia disso aí.”

Identificação: uma precaução simples e essencial

Outro ponto fundamental citado no episódio foi a identificação dos animais, principalmente em viagens e épocas de festas. “É bem comum colocar plaquinhas com nome e telefone. Um portão que abre, um cachorro esperto que saiu correndo… Isso facilita bastante”, relatou Dienifer.

Ela explicou a diferença entre microchip e GPS. “O microchip é para identificação. Ele não localiza. Mas se alguém encontrar e fizer a leitura, sabe que é teu animal. Já o GPS realmente localiza”, esclareceu.

Hospedagem e adaptação: cada pet tem seu perfil

Para quem não vai viajar com o pet, uma das alternativas é deixá-lo em hospedagens especializadas. Dienifer explicou que é essencial observar o temperamento do animal antes de escolher um local.

“Tem hospedagens que os cães ficam soltos, e aí eles têm contato com outros animais. Então tem que ver se ele permite isso, se é possível. Tem que respeitar a individualidade daquele animal”, orientou. Também reforçou que é necessário levar a ração habitual e informar se o animal tem alergias a grama, produtos de limpeza ou qualquer fator ambiental.

Para os gatos, a recomendação é diferente. “O melhor é que ele fique no ambiente dele. O gato sempre vai ser melhor ficar na casa dele”, afirmou Dienifer. Nesses casos, uma pet sitter (ou “babá de pet”) pode ser contratada para ir até a casa do tutor. “Ela troca a areia, dá a comida, dá uma geral no gato”, explicou. Lucas demonstrou surpresa: “Que legal. E tem isso aí em Vacaria?” — “Tem”, respondeu Dienifer.

Fogos de artifício: trauma, medo e risco real à saúde

O período de festas é também o mais tenso para muitos pets. Os fogos de artifício causam traumas sérios e até crises em animais sensíveis. Dienifer foi enfática: “Eu, pra mim, queria erradicar esse tipo de coisa. Mas infelizmente a gente ainda tem essa cultura.”

Ela relatou casos que presenciou em plantões veterinários: “Animais que convulsionam, que têm epilepsia, que fogem, que se cortam tentando fugir. Já peguei casos de se machucar em grades porque tentam correr. Eles não sabem o que tá acontecendo.”

A recomendação é preparar o animal para essa situação. “Coloca ele no lugar mais seguro da casa, onde ele se sinta mais confortável, com a caminha dele, com uma roupa do tutor, porque o cheiro vai acalmar”, disse. E, se for necessário, medicações calmantes podem ser prescritas, sempre com acompanhamento veterinário.

Paradas, náusea e ansiedade nas viagens longas

Em viagens de longa duração, Dienifer recomenda paradas regulares para hidratação e necessidades do animal. “Tem que fazer uma parada no meio do caminho pro pet se hidratar, tomar água, fazer xixi, porque senão ele fica ali se segurando”, explicou.

Outro ponto comum é a náusea por movimento. “A gente tem até uma medicação que foi criada para isso. Você já pode se antecipar e dar a medicação duas horas antes da viagem”, explicou.Ela também comentou sobre animais mais ansiosos. “Esses às vezes precisam receber alguma medicação para tranquilizar. Mas isso tem que ser com o veterinário. Não vai automedicar o seu animal.”

O encerramento de um ciclo e um novo começo em 2026

No final do episódio, Lucas e Dienifer fizeram um balanço do ano e comentaram sobre o crescimento da clínica Bicho VIP, que terá uma nova sede em 2026. “Vai ser uma estrutura toda pensada. Consultórios separados para cães e gatos, elevador de cachorro, área de lazer… Vai ser bem bacana”, contou Dienifer.

Ela relembrou momentos marcantes com tutores e pacientes. “Ontem mesmo recebi de uma tutora uma fotinha de uma paciente oncológica que faleceu. Ela me deu uma cerâmica com a foto e a data do falecimento. São coisas que tocam muito a gente”, revelou emocionada.

Reflexão e responsabilidade: cuidar do pet é parte das férias

Lucas finalizou o episódio agradecendo pelo ano de parceria. “A gente falou muito de animal em Vacaria. Teve até casos polêmicos, mas isso fez com que a gente criasse esse espaço. O Diário Pet nasceu dessa necessidade.”

Dienifer reforçou que a missão é continuar levando informação. “Essas informações são extremamente importantes pra levar qualidade de vida, bem-estar, longevidade. Maratonar os episódios é levar benefício pro próprio animal”, concluiu.

Com isso, o Diário Pet encerra sua primeira temporada com um episódio completo, informativo e necessário, para que os tutores passem o verão com responsabilidade, cuidado e carinho pelos seus pets.