Vacaria sob Novas Lentes: Começou o Concurso Fotográfico para Revelar Olhares do município

Projeto cultural “Vacaria em Foco” une fotógrafos profissionais e amadores para registrar a verdadeira essência da cidade através da imagem
Vacaria que já é reconhecida por seu frio rigoroso e tradições campeiras, está prestes a ganhar uma nova galeria viva de si mesma. O projeto “Vacaria em Foco”, idealizado pela fotógrafa Samara Pacheco, propõe uma exposição com 30 imagens selecionadas por meio de concurso gratuito. Mas não se trata apenas de um desfile de belas fotos. É, sobretudo, uma tentativa de reconstruir o imaginário coletivo da cidade, valorizando a diversidade de olhares, histórias e pessoas que compõem seu cotidiano.
Com apoio técnico e curadoria profissional, o projeto está com inscrições abertas até o dia 6 de junho de 2025, convidando a população a revisitar seus arquivos e compartilhar registros que, mesmo guardados no celular, podem revelar aspectos pouco vistos ou reconhecidos da cidade.
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FOTOGRAFIAS
Raízes que vêm da lente: Paulinho e a inspiração para uma nova geração
A ideia do projeto nasce de uma história pessoal e profundamente conectada à memória coletiva. Samara Pacheco iniciou sua trajetória no mundo da fotografia com ninguém menos que Paulinho, da Cristal Fotos, figura icônica que fotografou praticamente toda Vacaria. Foi com ele que Samara aprendeu a enxergar além da imagem: a entender a emoção, o contexto e a importância de registrar não apenas rostos, mas também momentos.
Paulinho faleceu em 2018, mas deixou um legado que transcende os álbuns de formatura e casamento. Seu olhar afetuoso e sua presença marcante em eventos comunitários inspiraram Samara a seguir no ofício e, agora, a fomentar novos fotógrafos e olhares a partir do projeto.
Um convite para ver o que ninguém vê
“Vacaria em Foco” quer ir além da estética. O objetivo principal é estimular registros que representem fielmente a identidade vacariana. Isso inclui, sim, seus cartões-postais — como a Catedral, o Parque das Cachoeiras ou a Casa do Povo —, mas também quer abraçar o invisível: o trabalhador rural que ordenha o gado antes do nascer do sol, a colheita da maçã, a juventude do rap e do skate, o ensaio de uma banda de rock, os núcleos culturais que vivem à margem da fotografia oficial.
Como destaca o briefing do projeto, o que se busca são imagens que contribuam para promover a cultura, a história e a diversidade da cidade, respeitando o olhar do autor e a subjetividade do registro.
Como participar: regras, prazos e formatos
As inscrições são gratuitas e abertas a qualquer pessoa com mais de 14 anos, residente em Vacaria ou arredores. Cada participante poderá enviar até três fotos que retratem a cidade sob qualquer perspectiva — desde que seja possível identificar que se trata de Vacaria.
As imagens devem ser enviadas para o e-mail [email protected], acompanhadas de informações como nome completo, idade, endereço, telefone e uma breve descrição de cada fotografia (local, contexto e data). É obrigatório que as imagens estejam em formato JPG e com resolução mínima de 300 DPI.
As 30 fotos selecionadas serão expostas em três espaços públicos de Vacaria: a Casa do Povo (Biblioteca Municipal), o saguão da Prefeitura Municipal e o Atelier Livre ASVVAL, reforçando a proposta de acesso democrático à arte e à cultura.
Inclusão, acessibilidade e democratização do olhar
Do total de obras selecionadas, três serão exclusivamente provenientes de projetos sociais locais: APAE, Passo Amigo e Projeto Anjinhos de Rua. Essa escolha tem como finalidade dar visibilidade a instituições que desempenham papel fundamental na construção de uma cidade mais inclusiva.
Além disso, pensando na acessibilidade, todas as obras expostas contarão com legendas descritivas acessíveis, permitindo que pessoas com deficiência visual possam interpretar as imagens por meio de descrições sensoriais detalhadas.
Exposição será apenas o começo: oficinas de fotografia previstas para o segundo semestre
O projeto também contempla uma etapa de formação artística, com a realização de três oficinas de fotografia no segundo semestre de 2025. Cada turma contará com 15 participantes, totalizando 45 pessoas diretamente beneficiadas. As oficinas, que serão ministradas pela própria Samara Pacheco, abordarão conceitos básicos da fotografia tanto com câmeras quanto com celulares. Haverá opção de participação presencial e online, facilitando o acesso de diferentes públicos.
Dicas de especialista: luz, enquadramento e sensibilidade
Durante entrevista ao podcast Diário de Vacaria, Samara compartilhou dicas valiosas para quem deseja participar do concurso. Segundo ela, fotografia é luz, e é fundamental cuidar da exposição — nem clara demais, nem escura em excesso. Também reforça a importância do enquadramento consciente e da escolha da melhor qualidade de captura, mesmo nos celulares.
Mas o que mais diferencia uma imagem da outra, segundo a fotógrafa, é a sensibilidade de quem aperta o botão. O olhar atento, o respeito pelo momento e a conexão com o que se quer comunicar são o verdadeiro segredo para uma boa foto.
O impacto da exposição: um novo espelho para a cidade
Quando questionada sobre o impacto que espera com a exposição, Samara é direta: “Quero que as pessoas se surpreendam. Que olhem e pensem: ‘Isso é Vacaria? Como nunca vi isso antes?’”. A exposição não pretende apenas agradar os olhos, mas construir um novo imaginário urbano, feito pela própria população, através de suas lentes, suas vivências e suas narrativas.
Um convite para tirar a arte do bolso e colocar na parede
O desafio agora é despertar os vacarianos para tirar as fotos guardadas do celular e colocá-las em circulação. Samara acredita que há centenas de imagens incríveis esquecidas nos dispositivos das pessoas — desde profissionais com arquivos robustos, até amadores apaixonados que clicaram um momento único sem nem perceber sua potência.
Com inscrições até 06 de junho de 2025, o momento de participar é agora. Basta escolher suas imagens, revisar os critérios do edital e enviar o material por e-mail. Mais do que concorrer a uma exposição, trata-se de fazer parte de um projeto de valorização cultural, inclusão e pertencimento.