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Vacaria em duas rodas: a saga do Trail Club Unidos pela Trilha e o lendário Trilhão da Vaca

Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, é terra de várias tribos. Entre elas, há uma em especial que escolheu o barro, o mato, a poeira e a adrenalina como estilo de vida: os trilheiros. E foi exatamente sobre esse universo que o episódio 24 do podcast Acelera Diário trouxe à tona, revelando histórias surpreendentes, marcantes e, acima de tudo, apaixonadas.

#Vacaria em duas rodas: a saga do #Trail Club Unidos pela #Trilha e o lendário Trilhão da Vaca

Os convidados da vez – Airton Almeida (Pipoca), Airton Pites de Liz e Edimarco Debona – vieram representar o Unidos pela Trilha Trail Club, grupo que movimenta o cenário off-road da cidade há mais de duas décadas, não só em Vacaria, mas em trilhas espalhadas pelo Brasil e até pelo Deserto do Atacama.

Uma paixão que começa na infância

As histórias compartilhadas mostram que a paixão pela trilha começa cedo. Pipoca relembra como, ainda criança, improvisava aventuras com o que tinha à mão.

“A gente começava com uma DT, uma Agrale, uma XL. Colocava pneu de trilha e partia. O gosto veio antes da moto”, conta. Sua entrada oficial no grupo veio em 2003, quando comprou sua primeira moto de trilha e começou a se entrosar com a galera do off-road local.

O caso se repete com Airton Pites de Liz, lageano que se mudou para Vacaria em 2008. Assim que chegou na cidade, foi acolhido por outros trilheiros, como Celso da Hidráulica e o pessoal da oficina Calgaro. “A trilha é mais do que esporte, é uma irmandade. É aceitação, amizade, conexão.”

Debona, por sua vez, chegou a Vacaria em 2006, vindo de Tapejara, e também traz no peito um sonho antigo: “A gente fazia freio e acelerador com galho de guamirim. Não tinha dinheiro para ter moto, mas o sonho já existia.” Sua primeira moto, construída a partir de peças de outras três, simboliza bem o espírito presente no grupo.

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O surgimento do Trail Club e a união pela trilha

O Unidos pela Trilha Trail Club nasceu da necessidade de organizar e unir os trilheiros da cidade. Embora hoje o grupo não esteja formalizado com CNPJ, como explica Airton Pites, ele continua forte na amizade e na prática das trilhas. “O que vale é o vínculo, não o papel”, reforça.

Mesmo sem formalização atual, o grupo chegou a realizar eventos marcantes. Um deles, o inesquecível Trilhão da Vaca, foi idealizado por um antigo parceiro, o “Tio Rica”, reunindo mais de 450 motos em Vacaria. “Foi um dos maiores eventos da região. A cidade respirava trilha”, lembra Airton.

A escolha do nome “Trilhão da Vaca” surgiu da própria identidade de Vacaria. Com direito a mascote vestido de vaca – o famoso Xarope –, o evento se tornou icônico. “Ele andava de moto com fantasia de vaca. Um verdadeiro símbolo da nossa festa”, relembra Pipoca, entre risos.

Atacama: onde a trilha vira desafio extremo

Mas se engana quem pensa que os trilheiros se limitam às cercanias de Vacaria. Um dos grandes marcos do grupo foi a expedição ao Deserto do Atacama, no Chile. Debona e Airton participaram da aventura em 2024, enfrentando temperaturas extremas 40°C durante o dia e 0°C à noite e altitudes de mais de 4.300 metros.

“As motos perdiam potência, a respiração falhava. Mas chegamos ao topo. Uma experiência para a vida toda”, resume Debona. O percurso foi desafiador e exigiu adaptação até na pilotagem, mas também ofereceu paisagens inesquecíveis e superações marcantes.

Serra da Canastra: tradição de quase duas décadas

Outro destino tradicional do grupo é a Serra da Canastra, em Minas Gerais. Há 19 anos, o Unidos pela Trilha organiza uma viagem até a região, percorrendo mais de 1.300 km. “Lá é outro mundo. Pedra, poeira, subidas absurdas.

Cada morro tem nome: Infarto, Cemitério de KTM, Chora Ditão”, explica Debona. As trilhas são tão intensas que a geografia ganhou apelidos conforme o grau de dificuldade.

A logística evoluiu: de caminhonetes, passaram a alugar um ônibus de dois andares com capacidade para nove motos. Isso tornou o trajeto mais seguro e menos exaustivo. “A ida é festa, a volta é recuperação”, resume Pipoca.

Ventania e a vibe de São Tomé das Letras

O grupo também já passou por lugares inusitados, como a mística São Tomé das Letras, onde conheceram o músico Ventania. “Ele mora num castelo, é o rei da cidade. Lá, todo dia parece domingo.

A galera se reúne para aplaudir o pôr do sol”, conta Pipoca. A cidade, marcada pelo misticismo e simplicidade, também abriga comunidades que vivem sem uso de dinheiro, praticando o escambo.

O dia em que a trilha quase virou tragédia

Nem só de glória vive o trilheiro. Uma das histórias mais impressionantes foi contada por Airton Pites. Ele quase perdeu a vida em um túnel ferroviário entre Lages e Curitibanos. “O trem veio enquanto a gente atravessava. Larguei a moto, pulei num recuo e fiquei rezando. Minha moto virou sucata”, conta.

A tragédia foi evitada por segundos – “Foi milagre. Tinha tudo para ser uma tragédia gigante. Mas a gente está aqui contando a história.”

Equipamento: segurança antes da emoção

Uma das lições mais reforçadas pelos trilheiros é o uso de equipamento de proteção. “Antes da moto, compre o equipamento”, alerta Debona. Capacete, cotoveleira, colete, luvas, botas reforçadas e joelheira são indispensáveis. “Não é confortável, mas salva vidas.”

Os equipamentos evoluíram: hoje são mais leves e resistentes, feitos com tecnologia de ponta. “É como um gladiador moderno. A diferença é que agora a armadura é fibra de carbono”, completa Airton.

A trilha começa na lavação

Um detalhe curioso: todo trilheiro precisa ter uma lava-jato em casa. “Não chega nem na calçada com aquela lama. A primeira parada é lavar as botas, a roupa, a moto. É parte do ritual”, brinca Pipoca.

Apesar de toda empolgação, o grupo é consciente da responsabilidade com o meio ambiente. “A gente passa por propriedades privadas, precisa pedir autorização, fechar porteiras, não deixar lixo. É o mínimo”, reforça Debona.

É por isso que eventos como o histórico Trilhão da Vaca exigem organização. “É muito mais do que andar de moto. É respeito, diálogo, logística.”

O futuro da trilha em Vacaria

Hoje, não há previsão de novos eventos oficiais, mas o grupo segue unido em suas aventuras particulares e em trilhas regionais.

No entanto, a ideia de um novo “Trilhão da Vaca” foi lançada no ar com entusiasmo. “Se depender de nós, tem apoio. É só alguém dar o primeiro passo”, conclui Digão, um dos apresentadores.

Um podcast que acelera o coração

O episódio 24 do Acelera Diário é uma verdadeira viagem pela história da trilha em Vacaria. Mais do que motos e trilhas, são histórias de muita amizade e paixão por um estilo de vida que transforma o fim de semana em aventura.

E como bem disse Pipoca, “a trilha é terapia”. Que essa terapia continue inspirando novas gerações – quem sabe até com um novo Trilhão da Vaca à vista.

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