Tragédia na BR-116 escancara realidade crítica de Vacaria e dos Campos de Cima da Serra
A morte de Vilmar Cleberson Ferreira, de 42 anos, no trágico acidente ocorrido na BR-116, em Vacaria, na última segunda-feira (30), não apenas abalou a comunidade local, mas também trouxe à tona uma dura realidade enfrentada pela região dos Campos de Cima da Serra.
(Registro do Diário de Vacaria no Instagram)
A limitação de recursos humanos principalmente e operacionais das forças de segurança e de socorro tornou-se evidente no atendimento à ocorrência. Todos estavam lá. Todos os bombeiros (3) e policiais rodoviários federais (2), além da viatura da SAMU de Vacaria.
Para a sorte dos moradores de toda a região, felizmente nenhuma outra ocorrência aconteceu. Se tivesse ocorrido, o tempo de espera iria ser muito grande.
Todos sabemos a importância de um atendimento rápido e acredite, todos os profissionais de emergência envolvidos sabem dessa realidade.
Sobre o acidente
O caminhoneiro dirigia um veículo Volvo com placas de Jaquirana, transportando toras de madeira, e tombou na lateral da pista. O motorista ficou preso nas ferragens.
Bombeiros e SAMU conseguiram resgatar Vilmar Ferreira, em estado gravíssimo e encaminhar ao hospital Nossa Senhora da Oliveira. Infelizmente, ele não resistiu aos ferimentos.
Forças de segurança operando no limite
Com uma área extensa para cobrir, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem atuado em toda a região com escalas de apenas dois policiais para as rodovias BR-116 e BR-285.
Essa sobrecarga de trabalho compromete a rapidez e a eficácia no atendimento a ocorrências simultâneas.
Nos arquivos do Diário de Vacaria: A 6ª delegacia deixou de ter sede em Vacaria e foi transferida para Bento Gonçalves, em junho de 2016.
Todos os Campos de Cima da Serra possuem apenas um posto da PRF. A delegacia responsável desde então tem sede em Caxias do Sul.
Corpo de Bombeiros sob pressão intensa
A situação se agrava com o início da Operação Golfinho, que redireciona esforços do Corpo de Bombeiros para o litoral gaúcho, deixando as equipes do interior em um estado crítico de operação.
Na noite do acidente, apenas três bombeiros estavam de plantão para atender toda a região, que abrange cidades e comunidades dispersas. Os bombeiros precisam fechar o quartel e inviabilizar assim o atendimento a outros chamados.
O desafio não é só de Vacaria, muitas cidades do interior, muitas vezes sequer, tem um único bombeiro.
Rodovias perigosas e negligência estrutural
A BR-116 e a BR-285 são rotas fundamentais para o escoamento da produção da região e transporte de cargas pesadas, mas a ausência de infraestrutura adequada (situação das pistas é crítica e piorando) e a limitação de efetivo tornam essas rodovias perigosas.
A sobrecarga de trabalho das equipes de segurança e emergência é um reflexo de um problema maior: o estado precisa investir mais em pessoas.
Um alerta para todos
O caso de Vilmar Ferreira não é isolado, mas um retrato de uma realidade que se repete e que, em momentos de tragédia, evidencia a necessidade de soluções urgentes.
O desequilíbrio entre a demanda e a capacidade de resposta das equipes de segurança e socorro nos Campos de Cima da Serra é um problema que clama por atenção imediata das autoridades.
O que pode ser ainda mais complicado?
Além de tudo que você leu até agora, se precisar ligar para o 190, 192, ou 193 existe uma chance muito grande destes telefones não estarem funcionando. São registradas constantes instabilidades nesses telefones. Os números que você deve ter sempre salvos são os seguintes
- 153 ou 054 32320287 Guarda
- 190 ou 054 999459755 Brigada Militar
- 191 ou 051 997289456 PRF
- 193 ou 054 996364835 Bombeiros
- 192 ou 054 30102400 SAMU
Como isso pode mudar a curto prazo?
Diante de emergências, a solidariedade da população tem se mostrado um dos pilares mais importantes para salvar vidas e minimizar danos. Seja em desastres naturais, acidentes rodoviários ou crises urbanas, a prontidão e o empenho das pessoas comuns em ajudar muitas vezes fazem toda a diferença.
No entanto, essa disposição pode ser ainda mais eficaz quando organizada dentro de um modelo estruturado, como o Community Emergency Response Team (CERT), amplamente utilizado nos Estados Unidos.
O papel da comunidade em emergências
Em situações de crise, é comum que os primeiros a agir sejam aqueles que estão mais próximos do evento: moradores locais, vizinhos ou pessoas de passagem. Essas respostas imediatas frequentemente são cruciais, pois ocorrem antes da chegada das equipes especializadas.
No entanto, a falta de treinamento ou orientação pode limitar a eficácia das ações ou, em alguns casos, expor os próprios voluntários a riscos desnecessários.
Essa realidade evidencia a importância de transformar a boa vontade em ações coordenadas e seguras. E é exatamente isso que modelos como o CERT propõem.
O que é o CERT e como ele funciona
O Community Emergency Response Team (CERT) é um programa que capacita voluntários da comunidade para responder de forma eficiente e organizada a emergências. Os participantes recebem treinamento em áreas como primeiros socorros, combate a pequenos incêndios, busca e resgate leve, e organização de abrigos temporários.
Além disso, o programa ensina a trabalhar em conjunto com as autoridades, formando uma ponte vital entre a sociedade civil e as instituições de resposta.
Ao serem treinados, esses voluntários tornam-se uma força de apoio essencial, especialmente em regiões onde os recursos públicos são limitados ou onde os primeiros socorros demoram a chegar.
Essa preparação também reduz o risco de ações improvisadas, que podem colocar em perigo tanto as vítimas quanto os socorristas amadores.
Por que o Brasil precisa de um modelo como o CERT?
No Brasil, muitas regiões enfrentam desafios significativos na resposta a emergências. Faltam efetivos, equipamentos e cobertura territorial suficiente para atender a demandas crescentes.
Nesse contexto, um modelo como o CERT poderia capacitar comunidades a agir de forma mais eficiente, ajudando a salvar vidas e complementando as forças profissionais.
Além disso, o CERT promove a conscientização sobre segurança e prevenção, criando uma cultura de resiliência nas comunidades. Isso é especialmente relevante em áreas propensas a desastres, como enchentes, deslizamentos ou grandes acidentes rodoviários.
Um futuro mais preparado e conectado
A implementação de um modelo como o CERT no Brasil seria um passo importante para fortalecer a capacidade de resposta às emergências. Mais do que uma solução para problemas pontuais, trata-se de um investimento na segurança coletiva, que reconhece a força da comunidade e a importância de preparar cidadãos para atuar de forma integrada e segura.
Ao capacitar voluntários e criar uma rede de resposta comunitária, podemos transformar a solidariedade espontânea em uma força ainda mais poderosa e organizada.
Assim, garantimos que, em momentos de crise, a ajuda chegue rapidamente e de forma eficaz, protegendo vidas e reduzindo o impacto de emergências. A população já demonstra sua força; agora, é hora de dar a ela as ferramentas e o treinamento necessários para maximizar seu potencial.