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Síndico morador ou profissional? Os desafios da gestão condominial com Pablo Lovato

O sexto podcast do Diário da Arquitetura e Construção amplia uma prática cada vez mais comum: a importância da gestão condominial profissional.

O podcast que conta a presença cativa da Arquiteta Márcia Fett recebeu o síndico profissional Pablo Lovato, proprietário da Real Administradora Condomínios, ambos compartilharam experiências técnicas e pessoais sobre os desafios de morar, conviver e administrar espaços coletivos.

A busca pelo equilíbrio coletivo: convivência, gestão e bom senso nos prédios

Vacaria vive um novo momento em seu processo de urbanização. Mais prédios surgem, principalmente na área central. Com eles, cresce a demanda por um novo olhar sobre a vida em condomínio: uma convivência que exige regras claras, responsabilidade coletiva e, acima de tudo, equilíbrio.

Do projeto à convivência

Logo no início, Márcia Fett explicou que o ciclo de um condomínio começa muito antes da entrada dos moradores. “É uma cadeia de serviços que vai do projeto à construção, passando pela regularização e convenção”, detalhou.

Ao receber as chaves, o morador recebe também o manual do proprietário, enquanto o síndico conta com o manual do síndico. Documentos que orientam o uso correto do edifício e a gestão de suas funções. A arquiteta comparou o prédio a um organismo vivo, que precisa ser acompanhado constantemente, pois está sempre em mutação.

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O surgimento do síndico profissional em Vacaria

Diante da complexidade crescente dos edifícios e da rotina atribulada dos moradores, a figura do síndico profissional começou a se consolidar. Pablo explicou que essa função, embora ainda recente no Brasil, é ainda mais nova na realidade de Vacaria.

“O síndico profissional é uma terceirização das funções essenciais do condomínio. As pessoas não têm tempo de lidar com o coletivo, e a pessoalização das relações em cidades menores dificulta decisões imparciais”, apontou.

Ele destacou que a imparcialidade é uma das grandes vantagens desse modelo, já que o síndico profissional atua como mediador, não influenciado por afinidades ou conflitos entre moradores.

Síndico morador x síndico profissional

Questionado sobre em que situações vale optar pelo profissionalismo, Pablo respondeu que ambas as opções têm vantagens e desvantagens. O importante é que o condomínio tenha maturidade para avaliar seu próprio contexto e, se necessário, realizar uma experimentação da gestão profissional.

A figura do síndico morador, ainda é comum e pode funcionar bem em comunidades mais pequenas e coesas. Porém, conflitos pessoais e a dificuldade em tomar decisões impopulares podem tornar a função desgastante para quem vive ali.

Desafios da convivência: ruídos, rotinas e expectativas diferentes

Conflitos no condomínio são inevitáveis. Som alto, brincadeiras de crianças, animais de estimação e reformas constantes são exemplos do cotidiano que exigem mediação.

Márcia ressaltou que viver em coletividade sempre trará atritos. “As relações humanas não são fáceis. Mas é papel da gestão organizar isso da forma mais imparcial possível”, disse. Ela também reforçou a importância da administração das manutenções corretivas e preventivas.

“Por que a gente faz revisão do carro, mas não do prédio?”, questionou. A prevenção, segundo ela, evita gastos maiores e até conflitos entre vizinhos.

Manutenção como estratégia de harmonia

Para Márcia, antecipar problemas é também evitar desentendimentos. Quando há rompimentos de tubulações ou falhas elétricas, a vida de todos os moradores é impactada. Uma gestão atenta consegue evitar esses cenários.

Nesse sentido, o síndico precisa atuar com foco na manutenção preventiva e, ao mesmo tempo, organizar a prestação de serviços de maneira segura e eficiente.

Qualidade, confiança e transparência na contratação de serviços

Pablo falou sobre a responsabilidade de contratar prestadores de serviço para trabalhar dentro dos condomínios. Ele destacou que é preciso garantir segurança, qualidade e custo-benefício, mesmo que o preço não seja o mais baixo.

“Você está colocando alguém dentro da casa das pessoas. É preciso garantir confiança, resultado e segurança”, afirmou.

A comunicação com os moradores é, segundo ele, o principal diferencial: manter todos informados sobre o que foi feito, o que está sendo planejado e o que ainda está pendente traz sensação de organização e segurança.

O dinheiro dos outros exige mais cuidado que o próprio

A discussão chegou a um ponto central: transparência financeira. Lucas lembrou de casos em que administradoras de grandes cidades enfrentaram crises por má gestão de recursos condominiais.

Pablo, com experiência anterior em consultoria financeira, disse que essa é uma das bases da Real Administradora. “Quando você trabalha com o dinheiro dos outros, tem que ser ainda mais transparente que com o seu próprio”, afirmou.

A empresa utiliza ferramentas que permitem aos moradores acessarem todos os recibos e pagamentos feitos, inclusive o valor de contas como a de água, tudo através de um aplicativo.

Tecnologia como aliada

Pablo considera a tecnologia como uma grande aliada. Hoje, os moradores podem acompanhar em tempo real o que está sendo feito na gestão financeira, o que contribui para a confiança e redução de dúvidas.

Segundo ele, todo empresário precisa estar atento às possibilidades tecnológicas disponíveis, adaptando conforme sua realidade.

Airbnb, carros elétricos e assembleias técnicas

O episódio abordou ainda mudanças recentes no setor, como a popularização do Airbnb e o aumento da frota de carros elétricos. Pablo comentou que a locação por curta temporada ainda é pouco regulamentada e gera discussões entre os moradores.

Já sobre os carros elétricos, São Paulo foi a primeira cidade a regulamentar a instalação de carregadores em prédios. Isso exige ligação direta ao medidor da unidade e projetos assinados por técnicos habilitados. “Não pode ser aleatório, nem ligado à luz do condomínio”, explicou Márcia.

Essas decisões, mesmo quando votadas em assembleia, exigem respaldo técnico e projeto específico. “Já houve casos de instalação mal feita que resultou em incêndios”, alertou a arquiteta.

Segurança como responsabilidade de todos

Pablo enfatizou que, mesmo em cidades com baixa criminalidade como Vacaria, o síndico tem papel importante na gestão da segurança interna do prédio. Ele pode implementar regras, mas também depende da colaboração dos moradores.

“A pessoa tem que garantir que o portão fechou, trancar a porta, seguir os horários. Segurança começa com o comportamento individual”, reforçou.

Gerações diferentes, ruídos diferentes

Márcia trouxe uma história pessoal para exemplificar os desafios da convivência. Ao se mudar para o prédio atual, foi alertada por uma vizinha de que talvez não se adaptasse por ter filhos. Depois de uma reforma cuidadosa e convivência respeitosa, a relação melhorou e hoje é amistosa.

“Às vezes, as pessoas se apavoram sem conhecer. Comunicação é tudo”, afirmou. Ela sempre comunica a administradora antes de iniciar uma obra, deixando contatos e número da RRT disponíveis. “Quando está tudo escrito, não tem como voltar atrás.”

Bom senso: o pilar invisível da harmonia

Na parte final do episódio, Lucas comparou o condomínio a um microcosmo da sociedade. Pablo elogiou a analogia e lembrou de uma frase da faculdade: traga do macro para o micro. “Tem muitos benefícios em morar em condomínio que a gente esquece por focar num problema pequeno”, disse.

Márcia reforçou que a vida condominial exige paciência, empatia e respeito às individualidades, especialmente quando há mudanças de fases: juventude, filhos pequenos, envelhecimento.

Para Pablo, o bom senso é o ingrediente invisível que garante o equilíbrio coletivo. E também destacou que, muitas vezes, o vizinho que você mal conhece pode virar seu maior aliado em um momento difícil.

O episódio deixou claro que morar em condomínio é mais do que dividir espaço. É dividir responsabilidades, expectativas e direitos.

E que o síndico profissional, aliado à tecnologia e à comunicação clara, se apresenta como um agente essencial para a harmonia e funcionalidade desse modelo de vida cada vez mais comum em Vacaria.

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