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Sergio Guth alerta: como o descontrole financeiro afeta as famílias no Brasil

No mais recente episódio do podcast Diário de Negócios e Valores, recebeu novamente o economista e professor Sergio Cavagnoli Guth para uma conversa sobre uma realidade cada vez mais comum: o descontrole financeiro dentro dos lares. Trazendo dados, exemplos e orientações práticas que refletem diretamente na vida das famílias vacarienses.

Sergio Guth alerta: como o descontrole financeiro afeta as famílias no Brasil

Falar sobre economia é falar sobre pessoas. “Quando falamos em famílias brasileiras, estamos falando de consumidores. E se não existem consumidores, não existe economia” destacou Sergio.

O economista destaca que todas as famílias, independentemente de sua renda, participam do ciclo econômico. O que muda é o tipo de produto consumido e o grau de endividamento que assumem.

78% das famílias estão endividadas: não é falta de dinheiro, é falta de gestão

O dado que chama a atenção é direto: 78,2% das famílias brasileiras estão atualmente com problemas financeiros. Para Guth, a principal causa não é a falta de renda, mas a falta de organização.

Ele compara uma família a uma empresa: “Se a receita é menor que as despesas, não tem como funcionar”.

O economista propõe que as famílias se reunam para discutir o orçamento de forma coletiva. Ele chama isso de “brainstorming” de reunião familiar. Cada membro da família deve conhecer suas prioridades, seus ganhos e seus gastos.

O primeiro passo é simples: saber para onde está indo o dinheiro.

Planejamento familiar: uma reunião pode mudar tudo

Sergio sugere um método acessível: papel e caneta.

Anotar entradas e saídas. Saber exatamente quanto entra, quanto sai e onde está sendo gasto. Mais importante ainda, é compreender quais são os valores e prioridades da família. Para alguns, pode ser o plano de saúde, para outros, o lazer.

Ele alerta que muitas decisões financeiras importantes estão sendo tomadas sem critérios. Por exemplo, vender um carro pode parecer uma solução, mas sem uma reserva financeira, isso se torna uma medida desesperada. O ideal, segundo ele, é reservar entre 20% e 25% da renda familiar para emergências.

Quando a dívida chega: o primeiro passo é negociar

Para aqueles que já ultrapassaram o limite da renda com as dívidas, Sergio é enfático: o primeiro passo é a negociação. “Não é feio dizer que você não consegue pagar. Feio é dizer que não vai pagar.”

Negociar com os credores é fundamental, e isso só é possível quando a família conhece detalhadamente seus gastos e receitas.

O perigo está em alternativas aparentemente fáceis, como o parcelamento do cartão de crédito, o uso do cheque especial e os famosos “Pix parcelado”. Todas essas soluções são armadilhas que aumentam ainda mais o endividamento.

Assinaturas, apps e serviços: os pequenos custos que viram gigantes

Outro ponto abordado foi o acúmulo de serviços por assinatura: streaming, softwares, clubes diversos. Segundo Sergio, quando colocados na planilha, esses pequenos valores se tornam significativos no fim do mês e, principalmente, ao longo do ano.

Esses custos fixos, que parecem baixos, comprometem a renda quando somados. A recomendação é revisar esses serviços com regularidade e cortar aquilo que não está trazendo retorno real.

“Nós precisamos colocar nossos valores em algo que nos gere resultado”, reforça.

Cashback, milhas e as novas armadilhas do mercado

Sergio também fez um alerta sobre o uso de programas de cashback e milhas. Para ele, essas estratégias servem muito mais ao vendedor do que ao consumidor. “Se você compra algo só pelo cashback, já perdeu. Esse retorno já está embutido no preço do produto.”

O economista reforça que não há problema em aproveitar esses benefícios desde que a compra seja necessária e planejada. Fora disso, trata-se de mais um gatilho para o consumo desenfreado.

As apostas online e os riscos silenciosos dentro de casa

Uma preocupação crescente nas famílias de Vacaria, segundo Sergio, é o avanço das plataformas de apostas online, as “bets”. Ele classifica o fenômeno como agressivo e perigoso. “Você quebra jogando. O jogo é um vício.”

A falta de educação financeira agrava esse problema. Pessoas sem preparo acabam vendo no jogo uma solução para os problemas financeiros, quando, na verdade, só aprofundam suas dívidas.

O alerta é claro: aposte apenas de forma eventual e consciente, se for o caso.

Transformando a rotina financeira em um hábito familiar

O economista defende que o acompanhamento do orçamento vire rotina e, mais que isso, uma atividade em família.

Um exemplo prático: no dia 17 de cada mês, reunir todos para revisar o que foi gasto até aquele momento. Comparar com a meta do mês e avaliar quem está gastando mais ou menos.

Essa “brincadeira” transforma o controle financeiro em um jogo educativo, principalmente para as crianças. Elas aprendem desde cedo a planejar, anotar, avaliar e priorizar gastos. É uma forma de educar para o futuro.

Crédito ou limite especial: qual a hora certa?

Sobre a tomada de crédito, Sergio deixa claro: não existe uma fórmula exata, mas sim condições. Se a família possui um superávit mensal que permita pagar parcelas de um empréstimo ou financiamento, pode ser uma escolha viável.

Mas é fundamental considerar os juros e o impacto disso no orçamento.

O problema surge quando se contrai dívida sem um planejamento claro, esperando que o futuro traga uma solução. “Não temos bola de cristal. É preciso conhecer sua realidade e decidir com base nela.”

A virada começa com três passos

Sergio sintetizou em três passos o caminho para as famílias de Vacaria retomarem o controle das suas finanças:

  1. Crie uma planilha simples com entradas e saídas.
  2. Analise o saldo final: se positivo, use para quitar dívidas; se negativo, renegocie.
  3. Fuja do crédito fácil: toda facilidade tem um preço, e geralmente é alto.

Não se trata apenas de fazer contas, mas de repensar hábitos, reavaliar escolhas e compreender que estabilidade econômica é fruto de decisões conscientes e consistentes.

A organização das finanças não é um luxo, mas uma necessidade que garante tranquilidade, previsibilidade e qualidade de vida. E, para quem deseja transformar sua realidade, o primeiro passo é olhar com coragem para sua própria planilha e assumir o controle.

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