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Saúde Integral e o Equilíbrio Feminino: Corpo, Mente e Carreira em um Mundo Acelerado

Histórias e desafios que conectam saúde física e mental

O podcast Mulher de Fases, realizado pelo Núcleo da Mulher Empreendedora da CIC Vacaria, é um convite ao diálogo profundo sobre o que significa ser mulher, empreendedora e, sobretudo, humana em um tempo de rotinas extenuantes e cobranças incessantes.

Este episódio especial, que reuniu profissionais das áreas de nutrição, odontologia e psicologia, trouxe à tona reflexões práticas e sensíveis sobre a saúde integral, um conceito que vai muito além do corpo físico e se estende à mente e à forma como conduzimos nossa vida.

Mulher de Fases 5°

Logo na abertura, as participantes reconheceram o peso que tantas mulheres carregam diariamente ao equilibrar trabalho, casa e família. Não por acaso, a sobrecarga foi um dos pontos centrais da conversa: a sensação de que é preciso dar conta de tudo ao mesmo tempo, com produtividade máxima e zero espaço para falhas ou pausas.

O intestino como segundo cérebro e a produção da serotonina

Camila Longhi, nutricionista especializada em gastroenterologia, apresentou dados que surpreenderam muitas ouvintes. Segundo ela, cerca de 90% da serotonina — neurotransmissor essencial para a sensação de bem-estar — é produzida no intestino. Essa conexão direta entre sistema digestivo e saúde emocional explica por que distúrbios como ansiedade e depressão estão frequentemente associados a problemas digestivos, como constipação e má digestão.

Ela ressaltou que a digestão não começa no estômago, mas na boca, a partir da mastigação. Ao comer de forma apressada, ingerindo alimentos mal mastigados, todo o processo de absorção fica comprometido. E essa interrupção tem impacto não apenas nos nutrientes, mas também na produção hormonal e no funcionamento do sistema imunológico.

Camila ainda pontuou que o jejum fisiológico — período de descanso entre a última refeição da noite e a primeira do dia — é essencial para que o organismo organize sua produção de enzimas e hormônios. Dormir com o estômago constantemente em atividade, por conta de lanches noturnos, prejudica a saúde digestiva e, por consequência, a saúde emocional.

O poder da pausa consciente na alimentação e na vida

O podcast destacou como a alimentação se tornou apenas mais uma tarefa automática, frequentemente realizada no carro, diante do computador ou acompanhada do celular. Nesse sentido, a prática do mindful eating, ou alimentação consciente, surgiu como uma proposta transformadora.

Camila explicou que mastigar devagar, saborear os alimentos e estar presente durante a refeição pode gerar mais saciedade e reduzir o consumo de ultraprocessados — hoje apontados como um dos grandes vilões da saúde bucal e sistêmica. “Quando você come com atenção, seu cérebro tem tempo de enviar os sinais de que está satisfeito. Isso evita aquele segundo prato impulsivo que vem só depois que o estômago já está sobrecarregado”, observou.

A reflexão foi ampliada pela constatação de que o estilo de vida contemporâneo, que prioriza a rapidez e a produtividade, intensifica a ansiedade e a sensação de insuficiência. A nutricionista defendeu a ideia de que a organização semanal de refeições e o uso de alimentos naturais são estratégias tanto de saúde física quanto de autocuidado.

A saúde da boca como reflexo do corpo e da mente

A dentista Ana Baggio trouxe uma perspectiva complementar e igualmente essencial. Ela lembrou que a boca é a porta de entrada do organismo e frequentemente reflete desequilíbrios que começam em outras áreas.

Exemplificando, citou o caso do diabetes, que pode causar xerostomia (boca seca) e, por consequência, aumentar o risco de cáries, gengivite e periodontite. Essa inflamação local, por sua vez, afeta o sistema imunológico como um todo, criando um ciclo nocivo de adoecimento.

Ana também mencionou como doenças autoimunes, como o lúpus, podem dar seus primeiros sinais por meio da saúde bucal. Foi, inclusive, o caso relatado por uma das participantes, que descobriu a doença após um quadro persistente de gengivite.

Além disso, ela apontou que o Brasil ainda figura entre os países com maiores índices de edentulismo (perda de dentes). Isso limita a mastigação, interfere na digestão e piora a qualidade de vida de muitas mulheres.

A importância de dizer “não” e priorizar a si mesma

Um ponto que uniu todas as falas foi a dificuldade que as mulheres sentem em colocar limites e se priorizar. Muitas crescem ouvindo que devem dar conta de tudo — e com excelência. Porém, esse excesso de obrigações cobra um preço alto, sobretudo quando o cuidado consigo mesma se torna o último item da lista.

O podcast reforçou que a saúde integral não se trata apenas de consultas regulares ou alimentação equilibrada, mas também da capacidade de se observar. Reconhecer dores recorrentes, fadiga emocional, alterações de humor e sintomas digestivos é uma forma de autoconsciência e de prevenção.

“Por que a gente diz tanto sim para tudo e para todos, e tão pouco para a gente mesma?”, questionou a apresentadora, convidando cada ouvinte a refletir sobre seus limites e necessidades.

A ressignificação do trabalho como fonte de pertencimento e bem-estar

A conversa também abordou como o trabalho pode ser tanto uma fonte de sobrecarga quanto de realização. Ana relatou sua experiência ao se mudar para Vacaria: longe da família, precisou reconstruir sua rede de apoio e iniciar a carreira praticamente do zero. Foi a dedicação ao consultório e o contato com pacientes que deram sentido àquele período desafiador.

Essa narrativa reforçou que empreender, embora repleto de incertezas, pode fortalecer a autoestima e dar propósito. Contudo, as participantes alertaram que mesmo projetos apaixonantes precisam de limites saudáveis para não se tornarem a única prioridade.

Sugestões práticas para mulheres na correria

Ao final, as convidadas trouxeram orientações aplicáveis ao dia a dia:

  • Organizar as refeições semanais com antecedência, reservando alimentos frescos e naturais.
  • Separar um tempo exclusivo para comer, sem distrações digitais.
  • Manter uma boa higiene bucal, com escovação atenta e uso de fio dental.
  • Praticar exercícios regulares como forma de aliviar a ansiedade e cuidar do corpo.
  • Criar pausas entre compromissos — mesmo que breves — para simplesmente respirar, tomar água ou ficar em silêncio.

O convite ao silêncio e à atenção plena

O episódio se encerrou com uma lembrança poderosa: muitas vezes, a única coisa que falta não é uma nova tarefa ou obrigação, mas o simples espaço de silêncio entre uma demanda e outra. Cinco minutos de pausa podem significar mais saúde do que qualquer suplemento ou dieta da moda.

A mensagem final foi clara: cuidar de si mesma não é egoísmo, mas uma necessidade. Porque só estando bem é que se pode cuidar do trabalho, da família e de tudo o que importa.

Campos de Cima da Serra, CIC, Mulher de Fases, Negócios e Valores, Rio Grande do Sul, Vacaria

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