Podcast no Diário: Como a economia local reage à resposta de Trump à política do Brasil

No cenário econômico brasileiro, a recente sobretaxa de até 50% imposta aos produtos exportados para os Estados Unidos se tornou motivo de preocupação nacional. Em Vacaria, o impacto é sentido não apenas pelos empresários, mas por toda a comunidade.

Para analisar alternativas e caminhos possíveis diante deste desafio, o Diário de Vacaria ampliou o assunto com o economista Sérgio Guth em mais um podcast do Diário de Valores e Negócios.

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O papel do dólar

Logo no início, Sérgio destacou o papel do dólar para a economia de Vacaria. Com uma base produtiva voltada para a exportação de maçãs, madeira e produtos lácteos, qualquer variação no câmbio impacta diretamente os custos e as receitas dos empreendedores locais.

O dólar funciona como um verdadeiro termômetro e seu acompanhamento passou a ser indispensável para as tomadas de decisão em toda a região. Pequenas oscilações podem significar tanto crescimento como dificuldade para manter as operações.

Combustível dolarizado e o efeito cascata no setor produtivo

Sérgio chamou atenção para um efeito prático: o combustível, essencial para escoamento da produção vacariense, segue oscilando conforme o dólar. Esse aumento pressiona imediatamente os custos dos produtores, seja no transporte das frutas, na logística da madeira ou no deslocamento dos insumos agrícolas.

Em Vacaria, toda a cadeia sente o impacto — desde os caminhoneiros até as pequenas agroindústrias — e, consequentemente, o preço final chega mais alto ao consumidor local.

Colaboração regional: união como saída para a crise em Vacaria

Diante da alta das tarifas e dos custos operacionais, a busca por soluções conjuntas se mostra cada vez mais necessária. Sérgio explicou que o fortalecimento das empresas vacarienses está ligada à capacidade de negociar com fornecedores e de repartir o sacrifício.

Se uma ponta da cadeia para, todo o sistema é afetado. Por isso, revisar contratos, dividir ônus e trabalhar em rede são atitudes fundamentais para garantir empregos e a vitalidade do setor produtivo local.

Lições da pandemia e o poder do caixa nas empresas de Vacaria

O cenário lembra, de certo modo, as incertezas enfrentadas durante a pandemia. Em Vacaria, empresas que mantiveram o caixa saudável conseguiram atravessar as fases mais difíceis, pagando funcionários e mantendo compromissos até a volta da normalidade.

Sérgio ressaltou que a liquidez é o maior patrimônio do empreendedor vacariense: não é o lucro imediato que garante a sobrevivência, mas a disciplina em manter reservas para tempos de crise.

Ajuste do mix de produção e foco no mercado interno de Vacaria

Uma das estratégias sugeridas para os empresários locais é o ajuste do mix de produção. Quem dependia fortemente da exportação agora pode mirar no mercado interno, ampliando parcerias regionais e diversificando produtos.

Essa movimentação é fundamental para evitar demissões e garantir a sobrevivência das agroindústrias, pequenas fábricas e cooperativas. Embora a transição não seja imediata, em Vacaria, adaptar-se rapidamente faz toda diferença para atravessar períodos de instabilidade.

Formação do preço justo e práticas transparentes

O processo de precificação, sempre desafiador, ganha novos contornos na crise. Sérgio lembrou que o preço justo se constrói com transparência e negociação, prática já adotada por grandes empresas exportadoras de Vacaria.

Mostrar aos clientes a composição dos custos ajuda a ajustar margens sem comprometer a continuidade do negócio. Para muitos produtores vacarienses, equilibrar preço, qualidade e competitividade virou questão de sobrevivência no mercado global e regional.

Pessoas: o verdadeiro ativo das empresas de Vacaria

Durante a entrevista, Sérgio enfatizou o papel dos funcionários no sucesso das empresas locais. Em Vacaria, onde as relações são próximas, investir no bem-estar e na capacitação dos colaboradores torna a equipe mais preparada para enfrentar crises e inovar nos processos produtivos.

Exemplos de empresas que apostaram em educação financeira para seus times mostram que cuidar das pessoas é fortalecer todo o ecossistema regional.

O perigo da dívida ruim e o alerta para pequenos negócios

O endividamento foi apontado como um risco para empresas que não possuem fluxo de caixa consistente. Sérgio orientou que, em Vacaria, onde predominam pequenas e médias empresas, só se deve buscar empréstimos quando há garantia de geração de caixa para honrar os compromissos.

O capital de terceiros pode ser uma solução momentânea, mas a sobrevivência exige planejamento, revisão de custos e máxima atenção ao equilíbrio financeiro.

Inovação e reinvenção: o DNA da superação

O momento atual exige que empresários de Vacaria revisem operações, experimentem novos modelos de negócios e busquem novos mercados. Sérgio explicou que a gestão empresarial é um aprendizado contínuo e que a crise pode ser o ponto de partida para mudanças estruturais e ganhos futuros.

Em Vacaria, onde o empreendedorismo é tradicionalmente forte, a inovação se faz presente na busca de soluções para vencer os desafios impostos pelo cenário global.

Liderança: força para orientar e motivar em tempos difíceis

Em Vacaria, líderes empresariais são referência para suas equipes e famílias. Eles precisam transmitir confiança, buscar conhecimento e inspirar seus times a superar desafios.

A experiência acumulada e o espírito de adaptação são as principais armas para reconstruir estratégias, motivar colaboradores e conduzir a comunidade ao caminho da superação.

A força do coletivo para atravessar e superar desafios

A mensagem é clara: se a receita antiga não funciona, é hora de reconstruir. Vacaria tem tradição em vencer dificuldades por meio da união e do trabalho coletivo.

O sucesso, agora, depende do esforço de todos — empresários, trabalhadores e famílias — para transformar a crise em oportunidade. Assim, a cidade segue unida, pronta para celebrar os resultados dessa travessia e preparar um futuro de conquistas.