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Podcast Acelera Diário – Vacaria sobre rodas: a saga de Lico Soldatelli no automobilismo local

Na segunda edição do podcast Acelera Diário, promovido pelo Diário de Vacaria, os apresentadores Lucas Barp e Rodrigo “Digão” Fonseca receberam uma verdadeira lenda do automobilismo vacariense: Lico Soldatelli muito mais que um entusiasta de motores, Lico é testemunha viva da evolução do setor automotivo na região. Com histórias que atravessam gerações, ele revela como Vacaria se transformou em um polo de referência para caminhões, carros e kart.

Podcast Acelera Diário – Vacaria sobre rodas: a saga de Lico Soldatelli no automobilismo local

A conversa, descontraída e rica em detalhes históricos, começou com um agradecimento à receptividade do público ao primeiro episódio do podcast. Em seguida, Digão apresentou com entusiasmo o convidado do dia, destacando sua importância para a cidade. Lico, como bom gaúcho, brincou dizendo que foi atraído por um mate, mas logo mostrou que trazia um repertório vasto de experiências valiosas.

O início da jornada automobilistica da família

A narrativa de Lico começa em uma esquina emblemática de Vacaria: Moreira Paz com Avenida Militar. Ali, nos anos 60, seu pai iniciou um pequeno negócio que logo se tornaria o embrião de uma trajetória de sucesso. Inicialmente representando a marca International Harvester, que vendia caminhões e tratores, a empresa da família Soldatelli logo foi ampliando horizontes. “A areia usada na construção do prédio veio toda de Vacaria”, lembra Lico, destacando a conexão orgânica com a cidade.

Com o passar dos anos, vieram as representações da Mercedes-Benz e depois da Volkswagen. A luta para manter marcas concorrentes sob o mesmo teto foi um desafio enfrentado com criatividade. Como não era permitido exibir os dois emblemas juntos, a família optou por separar fisicamente os negócios. Foi então que surgiu a ideia de construir outro pavilhão em frente ao que hoje é a DG Sul, resolvendo o impasse entre as gigantes automotivas.

Pioneirismo e empreendedorismo: raízes italianas e garra gaúcha

A história do pai de Lico, vindo de Flores da Cunha, mistura-se com a de outros pioneiros do ramo, nomes com raízes italianas, ajudaram a construir um ecossistema de negócios em Vacaria voltado à mobilidade e inovação. “Era uma época em que se fazia tudo na raça, na coragem e com muito olho no futuro”, enfatiza Lico.

Lico relembra a primeira Kombi da Volkswagen, que chegou à cidade com direito a briga para ver quem levaria o carro número um da nova marca.

Do comércio ao coração da cidade: como tudo foi se conectando

Com o crescimento dos negócios, a família Soldatelli passou a expandir sua atuação. Abriram um posto de combustível, representaram a Brastemp e chegaram até a vender eletrodomésticos. “Naquela época, não era só vender carro. A ideia era ter uma estrutura completa para o cliente: combustível, peças, assistência”, explica Lico.

As dificuldades logísticas da época criavam situações pitorescas. Lico conta que, para buscar carros novos da Volkswagen em São Paulo, era necessário levar dinheiro em espécie, literalmente numa maleta. “Hoje, você compra um carro pela internet. Antes, a gente atravessava o país com dinheiro no bolso e esperança na cabeça”, relata, com humor.

O kart e o espírito comunitário: Vacaria acelera de verdade

Um dos trechos mais emocionantes do podcast foi o resgate do nascimento do kart em Vacaria. Lico relembra com detalhes a montagem artesanal da pista na Júlio de Castilhos, que eles chamavam de “circuito do Moinho”. A organização era comunitária: todo mundo ajudava a montar a pista, amarrar pneus, preparar a estrutura. “De manhã a gente trabalhava, de tarde treinava e no sábado tinha prova. Era paixão pura.”

Depois veio a construção da primeira pista oficial, comprada com recursos de um grupo de dez pessoas, entre elas Lico. O terreno era acidentado, a grana curta, mas a vontade gigante. Com apoio do governo estadual e muita parceria local, nasceu o kartódromo do bairro Barcelos. “Nós tivemos que ajudar a espalhar o pó de brita com os próprios carros, para criar aderência. A pista fumaceava tanto que a gente se perdia no meio da corrida”, brinca.

Superação e união: a força do coletivo

Um dos episódios marcantes relatados por Lico foi o transporte de pneus para o kartódromo. Ele, o amigo Iti Rossoni e outros voluntários carregaram centenas de pneus para formar a barreira de proteção da pista. “Foi um domingo inteiro de trabalho. Quando vimos, estávamos infestados de pulgas que estavam nos pneus. Mas ríamos daquilo tudo. Era por uma causa maior.”

A importância da contribuição coletiva também aparece em histórias sobre o envolvimento de nomes como Claudionor de Lima Dian, João Vicente Golin, o próprio Dado Rech e muitos outros. Alguns nunca correram de kart, mas estiveram sempre presentes, organizando, apoiando, ajudando.

Do passado ao presente: uma trajetória viva

Hoje, o kartódromo de Vacaria é palco de provas estaduais, como a recente etapa do Campeonato Gaúcho. Para Lico, é motivo de orgulho ver como aquela semente plantada com tanto esforço germinou.

“A pista hoje tem arquibancada, estrutura. Mas por baixo de tudo isso, tem muita história. Muita gente que acreditou e fez acontecer.”

Digão e Lucas, atentos a cada palavra, enfatizam a importância de preservar essa memória. “Lico, hoje tu abriste a tampa do baú. Esse conteúdo é histórico. Ele precisa ser conhecido pelas novas gerações”, afirmou Lucas, que complementa: “O que vocês fizeram, sem internet, sem tecnologia, foi inovação pura. Daquelas que saem da alma, da necessidade, da paixão.”

O legado de Lico Satelli: mais que motores, uma lição de vida

A história de Lico é mais do que a saga de uma família ligada ao automobilismo. É um retrato do Brasil profundo, onde a vontade de fazer e a união comunitária são capazes de criar verdadeiros marcos culturais. Vacaria não é apenas cenário dessa narrativa — é protagonista, palco e motor.

Ao final do podcast, a sensação era clara: ainda há muito mais a ser contado. “Hoje só abrimos a tampa do baú”, repetiram os apresentadores.

E prometeram: vem mais por aí. Afinal, preservar a memória é acelerar rumo ao futuro com responsabilidade, respeito e gratidão.

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