Nos Trilhos do Progresso ou Sem Rumo? Retorno dos Passeios de trem unem municípios da região

A malha ferroviária do Rio Grande do Sul, antes símbolo de desenvolvimento e conexão entre cidades, hoje enfrenta o abandono e a deterioração.

Enquanto os municípios enxergam o potencial do turismo ferroviário como aconteceu ontem em Vacaria, a Rumo busca ampliar seu contrato que se aproxima do final para justificar investimentos na estrutura.

O Interesse dos Municípios no Turismo Ferroviário

A retomada dos passeios de trem é vista pelos municípios da Região dos Lagos como uma oportunidade única para impulsionar o turismo. Prefeitos e representantes locais enxergam a malha ferroviária como um recurso estratégico para a economia regional.

Ontem, dia 18 de fevereiro, o prefeito de Vacaria, Andrezinho Rokoski, reuniu-se com a diretoria da Agência de Desenvolvimento da Região dos Lagos (ADREL) para debater formas de viabilizar o projeto. O encontro contou com a presença da prefeita de Capão Alto, Sadiana Melo, também o secretário de planejamento e desenvolvimento econômico de Vacaria Alessandro Dalla Santa e o secretário de cultura e turismo também de Vacaria Neto Ferreira.

A intenção é utilizar trechos ferroviários para promover viagens turísticas, resgatando a história ferroviária da região e fortalecendo a economia local. O impacto positivo se estenderia a setores como hotelaria, gastronomia e comércio.

A Fazenda do Socorro, que já recebeu visitantes em passeios anteriores, foi o local do encontro. O objetivo dos municípios é estabelecer parcerias que garantam a reativação desse transporte como um atrativo fixo.

O Papel da Rumo e a Realidade da Malha Ferroviária

O grande obstáculo para os municípios é a concessão ferroviária, que pertence à empresa Rumo. A malha do Rio Grande do Sul, além de estar sucateada há anos, sofreu severos danos com as enchentes mais recentes, tornando sua recuperação ainda mais complexa.

A Rumo defende a ampliação da concessão como condição para realizar novos investimentos. No entanto, setores econômicos e governos questionam essa possibilidade, argumentando que o contrato permitiu anos de deterioração sem melhorias significativas.

O Ministério dos Transportes estima que a reconstrução da malha ferroviária no estado demandaria ao menos R$ 5 bilhões. Com recursos escassos e interesses divergentes, o impasse se mantém.

Enquanto isso, os municípios, como Vacaria, buscam alternativas para, ao menos, utilizar trechos específicos da ferrovia para passeios turísticos. A expectativa é que a pressão política e a mobilização regional favoreçam uma solução.

Experiência Anterior e Benefícios Para a Economia Local

Os passeios ferroviários já foram realizados no passado e tiveram grande adesão. O percurso incluía uma parada na Fazenda do Socorro, onde os visitantes podiam aproveitar experiências gastronômicas e culturais.

A presença de turistas movimentava a economia de Vacaria e cidades vizinhas. Restaurantes, hotéis e comércios registravam aumento nas vendas durante os eventos.

O resgate desse modelo de turismo pode representar um alívio econômico para a região. Além disso, a valorização da ferrovia como patrimônio histórico contribuiria para a identidade local.

Os prefeitos da Região dos Lagos acreditam que, mesmo com a atual situação da malha ferroviária, é possível encontrar soluções viáveis para retomar os passeios.

O Futuro das Negociações

A negociação entre os municípios e a Rumo será determinante para o avanço do projeto. O prefeito de Vacaria, Andrezinho Rokoski, mostraram-se favoráveis a buscar informações para viabilizar o passeio.

No período da tarde, a comitiva da ADREL visitou a Vinícola Campestre para discutir parcerias adicionais.

A expectativa é que os diálogos avancem nas próximas semanas. A retomada dos passeios de trem não depende apenas de investimentos, mas de decisões políticas e empresariais que equilibrem interesses e garantam benefícios para toda a região.

A mobilização regional pode ser um fator decisivo para destravar essa pauta e garantir que a ferrovia volte a ser um recurso útil para o turismo e a economia do Rio Grande do Sul.