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No Podcast: Produção da Lavoura, Seca, Chuva, Financiamentos e Jaibé Pelissari do Sicredi

Na edição mais recente do podcast do Diário de Vacaria, o agro voltou a ocupar o centro das atenções. Em um episódio que abrange a realidade local, produtividade, recursos e política, Lucas Barp recebe Jaibé Pelissari, gerente da agência Sicredi – Glória, onde se concentra localmente a operação do agro da instituição.

Podcast do Agro: Produção da Lavoura, Seca, Chuva, Financiamentos e Jaibé Pelissari do Sicredi

O cenário atual da agricultura no Rio Grande do Sul é preocupante, mas também mostra mais uma vez o porque desse setor ser reconhecido pela força em superar desafios.

Um contexto histórico de apoio que precisa ser valorizado

Jaibé começa sua participação relembrando o período da pandemia. Mesmo nos momentos mais críticos entre 2020 e 2022, a agência manteve as portas abertas, atendendo agricultores e outros associados com cautela, mas sem interrupções. Segundo ele, essa postura fez toda a diferença no relacionamento com os produtores, aliviando um pouco as incertezas daquele momento.

Esse comprometimento em estar presente, mesmo quando tudo parecia ruir, deixou marcas positivas. E é justamente essa postura que se torna essencial para lidar com os novos desafios que a agricultura enfrenta, agora motivados pelas variações climáticas intensas que castigam o estado.

Colheita sob pressão: os altos e baixos da safra atual

A realidade atual é complexa e cheia de contrastes. Embora a região de Vacaria tenha sido, em partes, privilegiada em comparação com outras áreas do estado, o impacto da seca e do calor intenso não passou despercebido. Jaibé detalha que os meses de setembro a dezembro de 2024 foram, até certo ponto, regulares, contrariando previsões iniciais de estiagem. No entanto, a partir de janeiro, o cenário mudou.

Fevereiro e março foram marcados por ondas de calor extremo e escassez de chuva, prejudicando especialmente o período do enchimento do grão. Essa condição climática irregular – apelidada pelos mais antigos de “chuva manchada” – resultou em uma grande variação de produtividade. Em alguns pontos, produtores colheram apenas 25 sacas por hectare, enquanto em áreas próximas, a colheita chegou a 80 ou 85 sacas.

Impacto desigual, resposta localizada

O que se desenha, portanto, é uma colheita marcada por altos e baixos. Enquanto algumas propriedades conseguirão “pagar a conta” da safra, outras enfrentarão mais um ciclo de dívidas e renegociações. Jaibé afirma que, em linhas gerais, a safra atual será suficiente para manter os compromissos de quem teve um bom desempenho, mas haverá casos em que será necessário buscar alternativas emergenciais.

Vacaria, segundo ele, não deverá decretar estado de calamidade ou emergência, como outras regiões do estado, o que significa que as soluções não virão em pacotes coletivos, mas precisarão ser buscadas caso a caso, em diálogo direto entre produtores e instituições financeiras.

Reivindicações que chegam a Brasília

No meio de tantas incertezas, uma movimentação política começa a ganhar força. Durante a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, produtores e lideranças do setor entregaram ao senador Luis Carlos Heinze um documento com três pedidos fundamentais: ampliação dos prazos para quitação de dívidas, inclusão de operações judicializadas nos programas de securitização e criação de uma linha de crédito especial para projetos de irrigação e recuperação do solo.

Essas demandas, como destacaram Lucas e Jaibé, não são pedidos descolados da realidade. Elas refletem uma necessidade real e urgente diante das perdas acumuladas nos últimos anos. De 2020 a 2024, mais de 40 milhões de toneladas de grãos deixaram de ser produzidas no estado. Um prejuízo estimado em R$ 117 bilhões, que representa quase metade do PIB gaúcho.

A cadeia impactada e os efeitos no dia a dia

A crise no agro não atinge apenas o produtor rural. Jaibé lembra que o efeito dominó alcança toda a cadeia econômica: o governo arrecada menos impostos, o comércio vende menos, a indústria desacelera, e o próprio setor financeiro sofre com o aumento do risco nas operações de crédito. O produtor, no fim das contas, paga a conta com juros mais altos e menos margem para investir.

Além disso, o cenário internacional contribui para aumentar a pressão. A guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel e o Hamas, e as tensões comerciais entre Estados Unidos e China impactam diretamente o câmbio e o preço de insumos e commodities, como a soja, que tem sua precificação fortemente atrelada à flutuação do dólar.

A importância do planejamento e da irrigação

Entre as soluções apontadas, uma se destaca: o investimento em irrigação. Apesar de ser uma alternativa eficaz contra a seca, ainda é inacessível para muitos produtores. Daí a importância de políticas públicas que viabilizem linhas de crédito específicas para esses projetos, com prazos estendidos e juros compatíveis com a realidade do campo.

A mesma lógica vale para os programas de securitização e alongamento de dívidas. Medidas que permitam não apenas quitar o que ficou para trás, mas oferecer fôlego para planejar o futuro. Afinal, como bem disse Jaibé, o produtor precisa de previsibilidade para tocar a lavoura, investir em tecnologia e manter a produção ativa.

Um cenário que exige protagonismo político

Lucas Barp reforça a importância do papel dos representantes do agro no Senado e na Câmara dos Deputados. É fundamental que vozes como a do senador Luis Carlos Heinze e de outros parlamentares engajados, façam pressão e articulem as demandas do setor junto ao Executivo. O que está sendo discutido em Brasília impacta diretamente os Campos de Cima da Serra, e é preciso garantir que essas decisões sejam feitas com base na realidade local.

Informação como ferramenta de resistência

O episódio se encerra com um compromisso: seguir acompanhando de perto os desdobramentos das discussões políticas, mantendo os produtores da região bem informados. Jaibé promete voltar ao podcast assim que houver novidades concretas sobre medidas do governo federal.

Lucas, por sua vez, reforça o papel do Diário de Vacaria como canal de informação, reflexão e articulação regional. A mensagem final é clara: o agro é essencial, não apenas para quem planta e colhe, mas para toda a sociedade. E entender seus desafios é o primeiro passo para valorizá-lo e fortalecê-lo.

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