Skip to main content
Sicredi

Negão é encontrado, acolhido e emociona Vacaria; cidade reflete sobre a causa animal

O encontro de Negão, o cão comunitário mais conhecido de Vacaria, não foi apenas um final feliz para uma história de desaparecimento. Foi também uma luz para a cidade enxergar mais uma vez a importância da causa animal. Sua jornada, marcada por acolhimento e identificação imediata com a comunidade, provocou reações emocionais intensas.

Negão, cuidado por moradores da Rua Libório Rodrigues, no centro de Vacaria, é um querido da rua. No entanto, no último dia 24 de abril, sua captura irregular por servidores municipais gerou uma onda de revolta. As imagens de câmeras de segurança, mostrando a retirada de Negão em um veículo oficial, culminaram na exoneração dos envolvidos e do então Secretário de Agricultura e Meio Ambiente.

Encontrado após quatro dias de angústia

Após dias de buscas e investigações, Negão foi encontrado em São José dos Ausentes, nas proximidades do trevo do Carauno, na BR-285. A localização ocorreu graças à atenção de duas moradoras locais. A Brigada Militar, acionada através do 10º BPM, providenciou sua escolta até a Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) de Vacaria.

No caminho de volta, Negão mostrou sinais de tranquilidade e alegria, característicos de sua natureza afável. O reencontro já na DP em Vacaria emocionou moradores e ativistas da causa animal, reforçando a importância de sua presença para a identidade local.

A fadiga social e o risco de retrocesso

O caso de Negão trouxe à tona um problema recorrente: a tendência à “fadiga social” diante da continuidade e complexidade dos problemas da causa animal. Após a emoção inicial, é comum que a mobilização diminua, deixando para trás a necessidade de soluções estruturais.

Em Vacaria, ainda mais agora, não se pode permitir que isso aconteça. A história de Negão mostrou a capacidade de empatia da população, mas também a urgência de criar políticas públicas que protejam os animais comunitários de forma permanente, inclusive identificando eles, do contrário, a situação poderá se repetir.

Contexto político e desafios administrativos

O atual contexto político de Vacaria convida a uma reflexão delicada sobre os caminhos institucionais que se constroem em meio à diversidade de ideias. A administração municipal, vinda de um passado recente de oposição, compartilha agora o espaço com uma Câmara de Vereadores onde ecos de antagonismos ainda reverberam.

Nesse ambiente, às vezes, gestos de aproximação são ofuscados por uma expectativa de distanciamento, como se o enfrentamento constante fosse inerente ao exercício político. No entanto, a própria natureza de cidades como Vacaria, com relações sociais mais diretas e conexões humanas mais visíveis, parece clamar por uma construção coletiva que transcenda a circunstância eleitoral.

A comoção em torno de Negão, espontânea e apartidária, demonstrou que causas comuns têm o poder de unir. Fica o convite para que a mesma empatia que brota nas ruas possa florescer nos espaços institucionais, com escuta ativa, responsabilidade compartilhada e foco no que verdadeiramente importa.

Outro entrave à compreensão dos avanços na causa animal está na forma como eles são (ou não) comunicados, seja no executivo ou no legislativo. Iniciativas relevantes, muitas vezes já em curso, não chegam à população com clareza.

Falta acessibilidade à informação, relatórios públicos visíveis, indicadores e divulgação efetiva. Sem isso, não se constrói confiança. Em um momento em que a transparência é valor essencial da gestão pública, comunicar é tão importante quanto executar.

Reflexo desse momento foi a sessão da Câmara de Vereadores realizada na segunda-feira, 28, que contou com a presença de voluntárias cuidadoras dos animais no plenário.

Na ocasião, foi anunciado que os líderes partidários indicarão os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar possíveis irregularidades ou negligências da administração municipal quanto à política de proteção animal.

O pedido da CPI partiu do vereador Carlos Zibetti (União Brasil), que defende investigação rigorosa sobre o recolhimento de Negão, entregue a terceiros sem registro público claro do procedimento. A CPI deverá analisar, entre outros pontos, a destinação de recursos e possíveis falhas administrativas na execução de políticas voltadas aos animais.

Ações concretas precisam ser prioridade

Projetos como campanhas de castração que deve ser reconhecida por importantes avanços neste 2025, registro de animais comunitários, fiscalização de maus-tratos e educação ambiental precisam evoluir ainda mais. A comoção coletiva deve se transformar em apoio a políticas públicas efetivas e duradouras.

Negão não é apenas um cão. Ele é um símbolo do que Vacaria pode se tornar: uma cidade mais consciente, mais protetora e mais solidária. O que foi vivido nos últimos dias é uma oportunidade única de transformar emoção em compromisso.

Reflexão coletiva e novos caminhos

A história de Negão será lembrada não apenas pelo reencontro, mas pela lição que trouxe: cada ser vulnerável à margem da sociedade merece atenção, respeito e proteção.

A continuidade dessa mobilização determinará se Vacaria dará um passo à frente na causa animal. O futuro de Negão, agora novamente acolhido e protegido, é também o futuro da consciência coletiva da cidade.

Anúncios
Estudio

– O Diário de Vacaria é Nosso! Participe enviando pelo WhatsApp sua notícia –

Seja bem vindo(a) ao Diário de Vacaria - Acompanhe nossas publicações diariamente.