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Diário Pet – Muito além do “miau”: entenda a mente e os cuidados sobre gatos

No terceiro novo episódio do Diário Pet, recebemos duas grandes médicas veterinárias. Dienifer Viera e Carina Menegat, especialista em medicina felina, para uma conversa esclarecedora sobre comportamento, saúde, bem-estar e os cuidados que os gatos realmente precisam muito além do que o senso comum costuma imaginar.

Muito além do “miau”: entenda a mente e os cuidados sobre gatos

O universo dos gatos é cercado de curiosidades, mitos e encantamentos. Considerados por muitos como animais independentes e pouco afetivos, os felinos têm ganhado espaço nos lares brasileiros e, junto com essa presença, surgem novas descobertas e responsabilidades para os tutores.

Da administração à medicina felina: a trajetória de Carina

Carina revelou que sua entrada na medicina veterinária não foi planejada desde o início. Formada inicialmente em administração, ela contou que sentia que ainda faltava algo. Foi durante a graduação em veterinária, após diversos estágios em áreas distintas, incluindo frigorífico, zoológico e diagnóstico por imagem, que ela decidiu apostar no mundo felino.

A virada aconteceu quando passou um curto período em uma clínica exclusiva para gatos no Rio de Janeiro, considerada uma das pioneiras do Brasil. Mesmo sendo uma experiência breve, foi suficiente para despertar nela uma paixão definitiva pela medicina felina.

Depois, realizou estágios focados nessa área e, ao se formar, decidiu atuar exclusivamente com gatos, estabelecendo-se em Vacaria.

Joaquim, um convidado especial

Um momento inédito e especial no podcast foi a participação do Joaquim, gato de Carina, que esteve no estúdio durante a gravação. Discreto, típico de sua espécie, ele buscou um canto para se sentir seguro.

Por que os gatos procuram esconderijos em ambientes novos? Carina explicou que esse é um comportamento absolutamente normal.

Gatos são animais territoriais, sensíveis a cheiros, ruídos e sensações novas. Para eles, sentir-se seguros é uma prioridade. Por isso, buscar um cantinho fechado ou escuro é uma forma de proteção.

O curioso é que Joaquim é acostumado a sair de casa, passear na coleira e até frequentar eventos pet. Mas isso só é possível porque ele foi adaptado a essa rotina desde filhote.

A veterinária deixou claro que nem todos os gatos aceitam esse tipo de atividade e que forçar um gato a sair ou usar coleira sem que ele esteja adaptado pode gerar estresse e traumas.

O impacto do estresse nos gatos

Um dos pontos mais importantes discutidos foi o quanto os gatos são sensíveis ao estresse. Carina destacou que a medicina felina trabalha fortemente na redução de situações estressantes para os pacientes.

É nesse contexto que surge o conceito de atendimento cat friendly: uma abordagem que visa tornar o atendimento clínico o mais acolhedor possível, respeitando os limites dos felinos, utilizando técnicas de ambientação, petiscos, feromônios e o mínimo de contenção física.

Diferente dos cães, que costumam ser mais tolerantes, os gatos podem desenvolver doenças graves simplesmente por causa de estresse, como problemas urinários, gastrointestinais e alterações comportamentais.

Caixa de transporte e ambientação: mais do que acessórios

Um ponto muito relevante foi a orientação sobre o uso correto da caixa de transporte. Muitos tutores só utilizam a caixa no momento de levar o animal ao veterinário, o que faz o gato associar o objeto a algo negativo.

Carina recomendou deixar a caixa sempre aberta em casa, com uma coberta ou o cheiro do gato, para que ele a reconheça como parte do ambiente e não como uma ameaça. Isso reduz o estresse em momentos de deslocamento e torna o transporte mais seguro e tranquilo.

Alimentação: sachê é necessidade, não mimo

A alimentação felina também foi amplamente discutida. Um dos mitos mais comuns é o de que sachê é um petisco que pode ser evitado. Segundo Carina, esse é um erro grave.

Gatos têm baixa ingestão de água por natureza, e a alimentação úmida é fundamental para manter o trato urinário saudável. O sachê deve fazer parte da rotina alimentar do gato, junto com uma ração seca de alta qualidade.

Outro ponto polêmico é a alimentação natural. Muitos tutores, influenciados por conteúdos na internet, decidem alimentar seus gatos com carne crua ou dietas caseiras sem acompanhamento profissional. Isso, segundo as veterinárias, pode levar a deficiências nutricionais sérias. Qualquer mudança nesse sentido deve ser feita com a supervisão de um veterinário nutricionista.

Caixa de areia: um capítulo à parte

Gatos são animais extremamente higiênicos, e a forma como lidam com suas necessidades fisiológicas exige atenção. A recomendação é simples: o número de caixas de areia deve ser sempre maior que o número de gatos na casa.

Carina explicou que muitos gatos não usam caixas sujas ou com cheiro de outro gato. Isso pode levar à retenção de urina, que é prejudicial à saúde. Além disso, os gatos costumam preferir tipos específicos de areia, e mudanças podem gerar rejeição.

Vacinação e saúde preventiva

Outro mito enfrentado no dia a dia dos consultórios é a ideia de que gatos que vivem em apartamento não precisam de vacina. As profissionais explicaram que, mesmo sem acesso à rua, os gatos estão expostos a riscos, como fugas acidentais ou contato indireto com vírus e bactérias.

As vacinas obrigatórias incluem a V4 ou V5 (polivalente) e a da raiva, com reforço anual. Também é recomendável realizar check-ups periódicos, já que os gatos tendem a esconder sinais de dor e doença.

Envelhecimento e qualidade de vida

Muitos tutores acreditam que um gato idoso é sinônimo de um gato mais quieto e menos brincalhão. Mas isso pode ser sinal de dor ou problemas articulares.

Carina destacou que os gatos podem viver bem até os 18 ou 20 anos, desde que tenham cuidados adequados. É importante ficar atento a mudanças sutis de comportamento, como não acompanhar o tutor em uma rotina diária ou ficar mais recluso.

A dor em gatos idosos é uma das questões mais negligenciadas. Por isso, é essencial manter consultas regulares e adaptar o ambiente com itens que facilitem a mobilidade.

Adaptação de novos gatos e múltiplos felinos na mesma casa

Adotar um segundo gato exige planejamento. Gatos são territoriais e nem sempre gostam de dividir espaço. A adaptação deve ser gradual, com introdução controlada, uso de feromônios sintéticos e respeito ao tempo de cada animal.

Além disso, antes de juntar dois gatos, é preciso fazer exames para doenças infecciosas como FeLV (leucemia felina) e garantir que as vacinas estejam em dia.

Gatos e o bem-estar emocional dos tutores

Para além de todos os cuidados físicos e médicos, os gatos têm um papel emocional importante na vida de seus tutores. Carina compartilhou experiências pessoais mostrando como os felinos percebem o estado emocional dos humanos, oferecendo conforto em momentos difíceis.

Dienifer complementou dizendo que muitos tutores encontram nos gatos um apoio silencioso, uma companhia sensível e profunda. Não é à toa que práticas como o yoga com gatos estão ganhando popularidade, unindo bem-estar humano e animal.

Ter um gato não é simples

Para quem pensa em adotar um gato, as veterinárias deixaram um recado importante: estudar, planejar e entender a espécie é essencial. Ter um gato não é simplesmente deixar ração e uma caixa de areia.

É preciso adaptar o ambiente, garantir segurança (especialmente com telas em janelas), investir em alimentação de qualidade, visitas ao veterinário, vacinas, brincadeiras e, principalmente, tempo de qualidade com o pet.

O episódio do Diário Pet deixou claro que os gatos são muito mais complexos, sensíveis e exigentes do que se costuma pensar. Eles não são “independentes” no sentido emocional, eles se apegam, sentem falta, sofrem com mudanças e precisam de atenção.

Adotar um gato é um ato de amor, mas também de responsabilidade. E entender a mente felina, suas necessidades e seus limites, é o primeiro passo para oferecer uma vida longa, saudável e feliz ao seu novo companheiro.

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