Gripe, Resfriado, Vacina e Pediatra: no Podcast Dr. Osvaldo Bortolon e Juliana Deluchi Schuler

O mais recente episódio do Podcast do Diário de Vacaria trouxe à mesa dois nomes reconhecidos da saúde regional: o pediatra Dr. Osvaldo Bortolon e Juliana Deluchi Schuler, fundadora da Clínica Prevenir. Em uma conversa informativa, atual e didática, os convidados falaram sobre a importância da vacinação, os desafios respiratórios enfrentados durante o outono e inverno e os cuidados simples que podem salvar vidas.

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Vírus respiratórios não têm estação: estão sempre presentes

Dr. Osvaldo, com mais de 50 anos de atuação na pediatria, enfatizou que as doenças respiratórias sempre foram a principal causa de atendimento em consultórios e hospitais. Segundo ele, metade das consultas em sua carreira foram relacionadas a essas doenças, que, mesmo com o avanço das vacinas, continuam presentes.

“A gente saiu do verão, entrou no outono, e parece que os vírus aumentam, mas eles estão aí o ano todo”, disse. Com a circulação de vírus como influenza A e B, covid-19 e rotavírus, o médico aponta o comportamento da população como fator decisivo no aumento dos casos.

Máscara, higiene e bom senso: aprendizados da pandemia que devem ficar

Apesar do susto global causado pela covid-19, os hábitos de proteção como uso de máscara e higienização das mãos foram se perdendo com o tempo. Dr. Osvaldo alerta que esses cuidados devem ser permanentes, principalmente em ambientes como pronto-socorros e escolas, onde a transmissão é intensa.

“Hoje, temos surtos de influenza B acontecendo. Máscara em ambiente fechado e com aglomeração precisa virar hábito”, afirmou.

Quando o resfriado vira um problema sério

A diferenciação entre gripe e resfriado também foi abordada de forma clara. A gripe (como a influenza) é mais intensa e debilitante, com febre alta, dor no corpo e risco de complicações como pneumonia. Já o resfriado comum é mais leve e não costuma impedir as atividades do dia a dia.

Dr. Osvaldo alertou para sinais de alarme que indicam necessidade de cuidados maiores e, possivelmente, uso de antibióticos: secreção nasal amarela ou esverdeada, febre persistente após o terceiro dia, dificuldade para respirar e recusa alimentar.

Vacinação: principal arma contra complicações graves

Juliana destacou que, apesar da queda nas coberturas vacinais após a pandemia, muitas vacinas continuam disponíveis e são fundamentais, especialmente no outono e inverno. As mais procuradas atualmente são contra gripe (influenza), pneumonia e existe um crescimento da vacina contra coqueluche.

A fundadora da Prevenir explicou que a vacina contra a gripe precisa ser atualizada anualmente, devido à mutação constante do vírus. Já a da pneumonia pode ser feita uma vez e oferece proteção duradoura, com diferentes versões — a mais completa sendo a pneumo 20, que cobre 20 tipos de pneumococos.

Vacina contra o vírus sincicial respiratório: nova aliada na proteção dos bebês

Uma das grandes novidades destacadas foi a vacina administrada em gestantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite — doença que, em casos graves, leva bebês à UTI. Essa vacina permite que a mãe transfira anticorpos ao bebê ainda na gestação, oferecendo proteção nos primeiros meses de vida.

Segundo Juliana, essa inovação já está disponível e também tem versões para idosos, além do anticorpo monoclonal para bebês até 2 anos, que oferece proteção durante o inverno com dose única.

Vacinas x RNA mensageiro: cautela com novas tecnologias

Dr. Osvaldo se posicionou com cautela sobre as vacinas desenvolvidas com a tecnologia de RNA mensageiro, como as aplicadas contra a covid-19. Segundo ele, ainda é cedo para avaliar os efeitos a médio e longo prazo, especialmente em crianças. “Prefiro esperar mais tempo para ter respostas seguras sobre esse tipo de vacina”, afirmou, destacando seu receio sobre possíveis impactos futuros.

Vacinas tradicionais seguem modelo seguro e consagrado

Juliana explicou que a maioria das vacinas utiliza vírus inativados, um método tradicional e seguro. Ela usou o exemplo da “caneta derretida”, explicando que, assim como uma tampa de caneta inutilizada não tem mais função, o vírus inativado não causa a doença, mas ensina o corpo a se proteger dela.

Vacinas no SUS: uma conquista social que salva milhões

Ambos os convidados relembraram o impacto histórico das campanhas de vacinação no Brasil. Dr. Osvaldo contou que há décadas organizava campanhas por conta própria, com apoio de amigos e carros emprestados. Ele destacou a importância de seguir o calendário vacinal corretamente, respeitando as datas para cada reforço.

“Foi um dos maiores avanços da medicina. Se não fosse a vacina, muitas das crianças que hoje estão adultas não estariam vivas”, reforçou.

Prevenir: uma história construída com propósito

Juliana compartilhou a origem da Clínica Prevenir, inspirada pela escassez de opções de vacinas há 15 anos. Com incentivo do próprio Dr. Osvaldo, ela começou a vacinar fora do horário comercial e, aos poucos, consolidou a clínica como referência em imunização na região.

Cuidados para o inverno: pequenas atitudes, grandes resultados

Para enfrentar o frio que se aproxima, os especialistas indicam: evitar sair com crianças em dias de vento, manter ambientes arejados e com sol, não fumar em casa e, sempre que possível, amamentar. Além disso, alimentação rica em líquidos, vitamina C e uso de chás naturais como o de erva-doce são aliados na prevenção.

Consciência e ação coletiva: o papel de cada um

O episódio encerrou com um apelo: que cada família mantenha em dia a vacinação de seus filhos e que a informação sobre os benefícios das vacinas seja multiplicada. “A gente precisa espalhar essa mensagem. Vacina salva vidas e protege a comunidade inteira”, finalizou Juliana.