Exportações Alcançam US$16,2 Bilhões no Rio Grande do Sul em 2023
Impulsionadas pelas vendas de soja e do fumo, as exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul apresentaram alta de 0,1% em relação a 2022, somando US$ 16,2 bilhões
O resultado é, pelo terceiro ano seguido, o maior valor nominal (sem considerar a inflação) da série histórica iniciada em 1997 e representa 72,7% das exportações totais do Estado no ano. Em termos absolutos, a alta nas vendas ao exterior do segmento foi de US$ 16,9 milhões.
Os números divulgados na quarta-feira (21/2) no boletim Indicadores do Agronegócio do RS, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), mostram que as vendas no quarto trimestre de 2023 atingiram -7,9% em relação ao mesmo período do ano anterior US$ 4,1 bilhões).Apesar da queda, o resultado dos últimos três meses de 2023 foi o segundo melhor da série histórica.
Sérgio Leusin Júnior aponta uma importante recuperação nas vendas anuais da soja (total de US$ 6,3 bilhões; +13,8%), após a grave estiagem registrada em 2022.
Ainda que a produção da oleaginosa em 2023 também tenha sido afetada pela falta de chuvas, a colheita foi 35,9% superior à de 2022(12,7 milhões de toneladas). Para 2024, a estimativa é uma produção de 21,4 milhões de toneladas da soja em grão.
Outro destaque positivo do ano foi o aumento na comercialização do fumo (total de US$ 2,5 bilhões; +15,2%). As exportações atingiram em 2023 o maior valor nominal da série histórica, impulsionada ainda pela alta de 27,5% nos preços médios do fumo não manufaturado, principal produto do segmento.
O ano de 2023 também apresentou queda nos setores de carnes (total de US$ 2,6 bilhões; -7,1%), cereais (US$ 1,5 bilhão; -17,7%), produtos florestais (US$ 1,2 bilhão; -28,7%) e máquinas agrícolas (US$ 551,6 milhões; -3,0%).
Resultados por segmento
A soja teve seu desempenho nas exportações do ano sustentado pela alta nas vendas da soja em grão (total de US$ 4,05 bilhões; +22,6%) e do farelo de soja (total de US$ 1,80 bilhão; +22,2%), enquanto o óleo de soja (total de US$ 468,01 milhões; -39,8%) registrou queda.
No segmento de fumo e seus produtos, a alta na exportação de fumo não manufaturado (total de US$ 2,29 bilhões; +15,1%) contrasta com a tendência de queda na produção interna. “Há uma tendência crescente de internalização do processamento de fumo de outros estados em fumageiras estabelecidas no Rio Grande do Sul, que têm a produção, posteriormente, embarcada no Porto de Rio Grande. Esse movimento destaca que o desempenho exportador do setor no Estado não depende exclusivamente da nossa produção interna”, analisou Leusin.
No setor de carnes, a redução nas vendas foi motivada pelas quedas na carne de frango (total de US$ 1,45 bilhão; -3,9%) e na carne bovina (total de US$ 293,38 milhões; -33,8%), com redução nos preços médios de todos os produtos do segmento.
Nos produtos florestais, a queda mais relevante foi registrada na celulose, principal produto do setor (total de US$ 832,63 milhões; -31,2%), afetada pela diminuição nos preços internacionais ao longo do ano, demanda mais fraca nos principais mercados, estoques elevados e também pela parada de 25 dias na principal planta de processamento de celulose do Rio Grande do Sul, realizada para modernização do espaço.
Nos cereais e derivados, o trigo – após um ano acima das expectativas em 2022, com safra recorde e vendas impulsionadas por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia – registrou queda de 30,9% nas exportações (total de US$ 645,61 milhões). “Além da significativa redução da produtividade, a qualidade dos grãos foi severamente impactada pelo excesso de chuvas, o que resultou em um percentual reduzido da produção que alcançou o padrão de qualidade necessária para a produção de farinhas”, avaliou o pesquisador do DEE/SPGG.
Entre destinos mais importantes das exportações do agronegócio gaúcho, a China foi a responsável por 31,2% do total das vendas do Estado, uma alta de 9% em relação ao ano anterior. O destaque foi para as aquisições de soja em grão – o país asiático adquiriu 85,5% do total embarcado pelo RS. Na sequência os principais compradores, foram a União Europeia (14,4% do total), Estados Unidos (4,9%), Vietnã (4,2%) e Indonésia (2,9%).
Emprego no agronegócio
O Rio Grande do Sul encerrou 2023 com 369.415 vínculos de emprego com carteira assinada no agronegócio, uma alta de 4.437 postos na comparação com o ano anterior.
A diferença entre o número de admissões e o de desligamentos no segmento foi menor em relação a 2022, que terminou com um saldo positivo de 11.399 postos de trabalho.
No conjunto da economia gaúcha, o agronegócio se importante sendo responsável por 9% do total de postos gerados com carteira assinada (47.395).
Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2023, o Estado registrou baixa de 1.583 ho, o primeiro saldo negativo desde 2020 para o período.
Conforme o material do DEE/SPGG, elaborado a partir de dados do Novo Caged, o resultado é explicado pelo maior número de desligamentos no segmento “antes da porteira”, aquele formado por atividades de fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária.
No acumulado do ano, o setor com os maiores saldos de empregos foi o de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (2.597 postos), seguido da produção de lavouras temporárias (1.303 postos). Entre as maiores perdas de empregos em 2023, esteve a fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (-1.750 postos), produção de sementes e mudas certificadas (-1.348 postos) e abate e fabricação de produtos de carne (-628 postos).
O maior empregador do agronegócio gaúcho foi o setor de abate e fabricação de produtos de carne continuou, com 66.461 vagas em dezembro, seguido do comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (51.140 postos) e a produção de lavouras temporárias (35.024 postos)
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