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Diário Pet: Ângela Zamboni e Dienifer Sutil falam sobre o adestramento de cães

Na mais recente edição do podcast Diário Pet, a adestradora canina Ângela Zamboni e a médica veterinária Dienifer Sutil conversaram sobre um assunto que esta diariamente nos lares dos brasileiros, explorando com sensibilidade, profundidade técnica e responsabilidade: o comportamento e a educação de cães.

Diário Pet: Ângela Zamboni e Dienifer Sutil falam sobre o adestramento de cães

A temática, longe de se restringir ao “adestramento” tradicional, propôs uma reavaliação dos papéis dos tutores, a importância do entendimento sobre o comportamento canino e os impactos que saúde, rotina e vínculo emocional exercem na construção de uma convivência saudável.

Como surgiu o amor por cães

Foi com o incentivo de Jaqueline Zanatta, também referência na área veterinaria, que Ângela Zamboni mergulhou no universo da educação canina. Hoje, se declara realizada com sua “profissão do coração”, que vai além de ensinar comandos: trata-se de construir pontes entre cães e humanos.

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Educar não é punir, é direcionar e compreender

Um dos pontos mais destacados por Ângela foi o erro comum de se associar adestramento a punição.

Ao contrário, como ela explicou, educar um cão começa no momento em que ele chega à casa. Cada ação do tutor, desde sorrir ao ver um filhote pular até deixá-lo morder objetos por “ser bonitinho”, está moldando um comportamento futuro.

Se um pulo é incentivado quando o cão é pequeno, ele continuará na vida adulta. Logo, o recado é claro: o cão aprende com o que é reforçado. O tutor precisa assumir o papel de guia, direcionando os comportamentos desejáveis e, principalmente, agindo com coerência e paciência.

Comportamento ou problema de saúde?

Dienifer trouxe um alerta fundamental: muitos dos comportamentos considerados inadequados pelos tutores podem ter origem em problemas de saúde.

Agressividade repentina, alterações no apetite ou em padrões de sono, por exemplo, podem ser reflexo de dor ou desconforto. Por isso, antes de buscar ajuda comportamental, é essencial realizar uma avaliação clínica.

“Muitas vezes é preciso exame de imagem para detectar uma dor que não é perceptível ao toque”, explica Dienifer. Esse cuidado evita que o animal seja erroneamente punido por um comportamento que, na verdade, é consequência de sofrimento físico.

Erros comuns: liberdade antes do aprendizado

Um dos equívocos mais recorrentes nas casas com filhotes, segundo Ângela, é a liberação total da casa sem qualquer restrição prévia.

“O cachorro chega e já pode circular por todos os cômodos. Depois, os tutores querem que ele saiba onde fazer xixi, o que pode ou não morder… Isso não funciona.” Explicou Ângela.

O ideal, segundo ela, é delimitar uma área específica com água, cama e brinquedos, onde o animal se sinta seguro e comece a aprender suas primeiras regras. Esse espaço, porém, jamais deve ser visto como punição, mas como um ambiente de acolhimento.

O papel da socialização na formação do cão

Um ponto crucial levantado por Ângela, a importância da socialização nos primeiros meses de vida. Entre os 21 e os 90 dias, existe uma “janela social” fundamental para o desenvolvimento emocional do cão.

Mesmo durante o protocolo vacinal, quando o animal não pode ainda tocar o chão na rua, é possível (e necessário) levá-lo no colo ou mochila para que tenha contato visual e olfativo com diferentes pessoas, crianças, idosos e ambientes.

Dienifer reforçou o alerta sanitário: “Nessa fase, os anticorpos da mãe ainda estão ativos e atrapalham a ação da vacina. Então o risco de doenças como parvovirose e cinomose é real. Mas isso não pode ser desculpa para isolar o filhote completamente”.

O equilíbrio entre proteção e socialização é a chave, a falta dessa socialização pode levar a cães medrosos, reativos e com dificuldades de adaptação no futuro.

Latidos, fugas e destruição: o que seu cachorro está tentando dizer?

Comportamentos como latir excessivamente, roer móveis ou fugir podem ser, na verdade, sinais de alerta. “Roer é natural para o cão. O problema é quando ele não sabe o que pode roer, e acaba escolhendo o pé da cadeira”, explica Ângela.

Uma solução? Direcionamento, oferecer brinquedos próprios, supervisionar o uso e evitar objetos perigosos como pelúcias ou pequenos ossos que possam causar obstruções gastrointestinais.

Dienifer complementa com casos clínicos reais de animais que ingeriram espuma de pelúcia ou pontas de ossos, necessitando de endoscopias ou cirurgias de emergência.

Mais do que treinar cães: educar os tutores

“Primeiro eu adestro as pessoas, depois eu educo os cães.” Disse Ângela.

O sucesso da educação canina depende essencialmente da postura, paciência e constância das pessoas envolvidas no processo. Não existe fórmula mágica ou milagre que transforme o comportamento do cão sem o envolvimento ativo de seus cuidadores.

O tutor também precisa estar disposto a mudar. “Porque se o dono não muda, o cachorro volta aos velhos hábitos”, disse Ângela.

Vínculo não se compra, se constrói

Mais do que carinho ou comida, o vínculo entre cão e tutor se constrói em momentos de treino, passeios estruturados, atividades e convivência. Quando um cão “foge”, pode não estar apenas tentando escapar fisicamente, mas emocionalmente, da monotonia, da falta de estímulo ou da ausência de conexão.

“Se o cão não tem rotina, não gasta energia, ele vai procurar uma forma de fazer isso sozinho. E aí é que aparecem os comportamentos indesejados”, afirmou.

Ela destacou também a importância do sono e dos horários: “Cão precisa dormir bem, ter hora pra comer, pra passear e também pra brincar. Não é só carinho. Vínculo se constrói com atividade, não só com comida e colo”.

Prevenir abandono é educar antes de adotar

Muitos cães são devolvidos após adoção por “problemas de comportamento” que, na verdade, são reflexo de falta de preparação dos tutores. Ângela defende que o processo de adoção ou compra deve começar com uma análise de perfil: tempo disponível, rotina da família e condição financeira são fatores tão importantes quanto afinidade com a raça.

Buscar orientação profissional antes da chegada do pet poderia evitar muitos dos traumas enfrentados pelos animais e frustrações vividas pelas famílias. Assim, a família se prepara corretamente, evita erros básicos e proporciona um ambiente seguro e acolhedor para o novo membro da casa.

Adotar cães resgatados: reconstruir a confiança é possível?

Ângela trouxe um olhar sensível e inspirador sobre cães adotados, especialmente os que sofreram maus-tratos. “Cada cão tem seu tempo. Às vezes, ele precisa de um mês. Outros, de um ano”, ela relatou que já viu muitos casos de devolução por impaciência das famílias.

O mais importante é que os tutores respeitem esse tempo e compreendam que o vínculo é construído, e não imposto. “Não é porque ele tem comida e água que vai automaticamente confiar em ti. Ele precisa se sentir seguro.” Explicou Ângela.

E Dienifer lembrou da importância do check-up, especialmente em casos de agressividade, comportamentos compulsivos ou suspeita de doenças: “Além do comportamento, precisamos avaliar a saúde do animal adotado. Às vezes o problema está na pele, em dores articulares ou parasitas. Tudo isso interfere no comportamento”.

Exames clínicos, laboratoriais e de imagem ajudam a descartar causas físicas antes de iniciar tratamentos comportamentais. Com apoio profissional e dedicação, muitos cães adotados se tornam companheiros incríveis, superando traumas e desenvolvendo confiança verdadeira.

Ter um cachorro é uma escolha de responsabilidade

Ter um cachorro é uma alegria imensa, mas exige preparo, empatia e compromisso, vai muito além de ensinar truques. É sobre compreender, respeitar, direcionar e, principalmente, assumir o papel de tutor com consciência.

“Antes de ter um cão, veja se você realmente pode oferecer o que ele precisa”, aconselhou Ângela. E Dienifer finalizou: “A saúde e o comportamento caminham juntos. Quando um falha, o outro também sofre”.

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