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Dia de Finados: o amor pelos pets é tão forte quanto o luto por um ente querido

No dia 2 de novembro, o país se silencia para lembrar aqueles que partiram. É o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade, pela introspecção e, principalmente, pela memória afetiva que persiste. Mas este ano, o Diário de Vacaria decidiu ampliar essa reflexão, para uma uma outra perspectiva.

Dia de Finados: o amor pelos pets é tão forte quanto o luto por um ente querido

Afinal, o luto não é exclusivo das relações humanas. E os pets? Aqueles que nos acompanham diariamente com amor incondicional, lealdade e presença silenciosa também deixam vazios imensos?

No podcast especial do Diário Pet, Lucas conduziu uma conversa com a veterinária Dienifer Sutil e a terapeuta Ana Maciel, abordando um tema ainda pouco falado: o luto pela perda de um animal de estimação.

O episódio foi um tributo não só aos pets que se foram, mas também aos tutores que, com o coração apertado, tentam lidar com a dor e a ausência.

O pet como membro da família

A terapeuta Ana Maciel iniciou a conversa destacando o papel fundamental que os animais de estimação ocupam na vida das pessoas. “O animal faz parte do nosso dia a dia, da nossa família”, afirmou. O luto pela perda de um pet, portanto, não é algo menor, mas um processo legítimo, profundo e que merece ser respeitado.

Dienifer, que atua diretamente com os tutores em momentos críticos, trouxe o olhar clínico, mas também humano. Ela confirma que muitos já chegam à clínica sofrendo por antecipação, com medo de viver novamente a dor da perda. “As pessoas perguntam qual cachorro vive mais, como podem prolongar o tempo com seu pet. Existe esse desejo de eternizar a convivência”, conta.

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Sociedade ainda caminha para compreender o luto pet

Durante a gravação, o grupo refletiu sobre como a sociedade ainda tem dificuldades em reconhecer o luto por animais. Muitas vezes, quem nunca teve um pet não entende a dor de quem perdeu um.

Para Ana, isso muda a partir do momento em que há um vínculo real com o animal. “Quem ama um animal sabe que é uma perda. É como perder alguém da família”, diz.

Cada pessoa sente o luto de forma única

Um ponto forte da conversa foi o reconhecimento da individualidade no processo de luto. Não há tempo certo para superar, não há fórmula mágica. “Cada pessoa vai sentir de um jeito. É preciso respeitar esse tempo, sem julgamentos”, explicou Ana.

Dienifer reforçou que isso também varia de acordo com a geração. “Pessoas mais velhas podem ter uma visão diferente, algumas cresceram em um tempo em que o animal ficava no quintal. Hoje, ele dorme na cama com o tutor”, brincou. Ela contou ainda casos de crianças que não são informadas da morte do pet para evitar sofrimento, ou de idosos que adotam um animal após os filhos crescerem e saírem de casa. “Esse pet se torna a companhia principal”, disse.

Eutanásia: um ato de amor e não de desistência

O momento mais delicado do episódio foi quando Dienifer falou sobre a eutanásia. Como veterinária especializada em oncologia, ela lida frequentemente com decisões difíceis. Explicou que, em muitos casos, a eutanásia é um alívio para o sofrimento do animal, e não um abandono.

“O animal não precisa passar por certas dores. E o tutor pode estar junto, segurando a patinha dele. É um momento humanizado, acolhedor”, afirmou.

O papel da espiritualidade nesse processo

Ana trouxe a espiritualidade como um recurso essencial para lidar com a dor da partida. Para ela, os animais não têm karma, porque são puro amor. “Eles não precisam sofrer. Às vezes, ficam mais um tempo por amor ao tutor”, disse.

Ela citou o livro Por que os Animais Merecem o Céu, de Marcel Benedet, e o filme Quatro Vidas de um Cachorro como obras que ajudam a compreender o retorno dos animais às mesmas famílias.

“Eles voltam rápido, porque são puros”, afirmou. A mensagem reforça a ideia de continuidade, de amor que ultrapassa a matéria.

Preparando o ambiente para o adeus

Dienifer emocionou ao descrever como prepara o ambiente da clínica para os momentos de despedida. Luz baixa, vela acesa, silêncio respeitoso. “A vela na recepção sinaliza que alguém está passando por um momento de sofrimento”, explicou. Cada detalhe é pensado para minimizar o trauma.

“Alguns tutores pedem que eu segure a patinha do animal por eles. A gente cria vínculos. Faz parte do nosso trabalho também oferecer amor e acolhimento nesse momento”, contou.

Depois do adeus: quando adotar de novo?

Uma das perguntas mais comuns após a perda de um pet é: quando adotar outro? Para Ana, é fundamental viver o luto antes. “Se você adota imediatamente, pode ser uma substituição. O amor precisa ser transbordado, não reprimido”, afirmou.

Ela destacou a importância de se buscar apoio, conhecimento, espiritualidade e até ajuda profissional. E lembrou de uma pesquisa feita em São Paulo que mostrou que 100% dos entrevistados se sentiram melhores após adotar um pet.

“Então por que desperdiçar esse amor?”, questiona.

As fases do luto e o poder da lembrança

Ana e Dienifer abordaram também as fases do luto: negação, raiva, aceitação. E falaram sobre como objetos, mantas, fotos e brinquedos se tornam memórias palpáveis. Dienifer contou o caso de uma tutora que, mais de um ano após a morte da gatinha Tininha, ainda mantinha sua manta dobrada com um chaveirinho com pelos e uma imagem.

“O luto estaciona em lugares diferentes. Às vezes está mais perto, às vezes mais longe. E tudo bem. Isso é saudade, e não quer dizer que a pessoa não superou”, concluiu Ana.

O amor não se perde: ele se transforma

Em uma das falas mais tocantes do episódio, Ana afirmou: “O amor que você sente por um pet fica registrado naquele espírito. Não se perde. Mesmo que ele tenha partido, o amor não foi em vão.”

Mais espiritualidade, menos culpa

No fim do episódio, Lucas agradeceu às convidadas e reforçou a importância de trazer esse tema à tona em uma data tão significativa. “Aproveite o presente. Se você passou por uma perda, encontre na espiritualidade e na compreensão o apoio que precisa.”

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