Cavalo Crioulo Movimenta R$ 400 Milhões na Economia Brasileira em 2024


Na última segunda-feira, 02, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) realizou um encontro com a imprensa para apresentar os números que refletem o impacto econômico e social da raça ao longo de 2024.
A entidade contabilizou uma movimentação de cerca de R$ 400 milhões na economia, resultado de remates, provas, eventos e geração de empregos. Além disso, foram apresentados dados que mostram um crescimento expressivo nas modalidades seletivas da raça, consolidando o Cavalo Crioulo como um dos pilares econômicos e culturais do Rio Grande do Sul.
Crescimento expressivo nas provas seletivas da raça
Durante o evento, o vice-presidente de Comunicação da ABCCC, Daniel Gonçalves, destacou os avanços registrados nas modalidades seletivas. As exposições Morfológicas, por exemplo, tiveram um aumento de 42% no número de inscrições.
As Prévias Morfológicas, que classificam exemplares para a Morfologia da Expointer, cresceram 93% em relação ao ano anterior.
“Fizemos mudanças este ano, criamos as Passaportes de Primavera, incluídas no calendário de eventos pelo interior”, comentou o gestor. Gonçalves também ressaltou que será criado um ranking para aquelas seletivas que são organizadas exclusivamente pelos Núcleos de Criadores para que também possam levar animais até Esteio (RS) nas grandes finais.

“O Cavalo Crioulo é mais do que uma raça; é um símbolo da nossa cultura e da nossa economia. Essas mudanças mostram o nosso compromisso em tornar os eventos mais acessíveis e fortalecer ainda mais a comunidade que trabalha com a raça”, afirmou Gonçalves.
Movimentação de mercado alcança R$ 110 milhões em remates
Os números apresentados também revelaram o impacto financeiro gerado pelos remates de Cavalo Crioulo ao longo do ano. De acordo com o Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do Rio Grande do Sul (Sindiler), presidido por Fábio Crespo, foram comercializados quase 5 mil animais em 200 leilões, gerando um total de R$ 110 milhões até novembro.
A média geral por animal foi de R$ 22 mil, evidenciando a valorização da raça. Cerca de 85% dessas transações ocorreram no Rio Grande do Sul, que concentra a maior parte da manada nacional. Além dos valores provenientes da venda de animais, o levantamento incluiu ganhos relacionados às transferências de propriedade e às provas realizadas em todo o Brasil.
Gonçalves destacou que a comercialização da raça reflete a confiança do mercado na qualidade genética e no trabalho desenvolvido pelos criadores. “O Cavalo Crioulo está cada vez mais consolidado como um ativo de grande valor, tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul”, ressaltou.
Impacto econômico no Rio Grande do Sul
O presidente da ABCCC, César Hax, reforçou a relevância do Cavalo Crioulo como motor econômico para o Rio Grande do Sul. Segundo ele, a movimentação de R$ 400 milhões pode chegar a R$ 500 milhões quando todos os aspectos da cadeia produtiva são considerados.
“Com 85% da manada nacional e cerca de 80% a 85% dos eventos da raça concentrados no Rio Grande do Sul, o Cavalo Crioulo ocupa o terço superior de qualquer indústria gaúcha em termos de impacto econômico”, afirmou Hax.
Ele também mencionou o papel social da associação: “Se a gente for para a nossa segunda casa, que é o Parque de Esteio, e pegarmos a primeira classificatória, em maio, que é o Bocal de Ouro, o segundo evento em importância para a raça, teríamos um evento a cada 20 dias até a grande final em Esteio”, contabilizou o presidente.
Eventos e ações culturais em Esteio
A ABCCC aproveitou a oportunidade para apresentar um projeto cultural que será implementado em Esteio por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A iniciativa busca integrar as escolas municipais ao universo do Cavalo Crioulo, utilizando o Freio de Ouro, reconhecido como Patrimônio Cultural Brasileiro, como ferramenta educacional.
“O objetivo é aproximar as crianças da cultura gaúcha e da importância do Cavalo Crioulo, que é um símbolo da nossa história e da nossa identidade”, explicou Gonçalves. A ação prevê visitas escolares e atividades interativas que envolvam a comunidade local, ampliando o impacto social da raça.
Ciclo de provas movimenta o setor durante todo o ano
Outro ponto destacado na apresentação foi a intensidade do calendário de eventos da ABCCC, que começa em maio com o Bocal de Ouro, considerado o segundo evento mais importante da raça. As classificatórias e provas subsequentes seguem até a grande final do Freio de Ouro, realizada em Esteio, tornando o ciclo de competições uma constante ao longo do ano.
“É um trabalho contínuo que exige dedicação de toda a cadeia produtiva. E o mais importante: esses eventos são realizados sem qualquer subsídio estatal, mostrando o comprometimento da associação e dos criadores com a sustentabilidade do setor”, destacou Hax.
Cavalo Crioulo como símbolo econômico e cultural
O Cavalo Crioulo não é apenas uma força econômica, mas também um símbolo cultural que conecta tradição e inovação. Com resultados sólidos, projetos voltados para a comunidade e um calendário robusto de eventos, a raça se consolida como um dos maiores patrimônios do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Foto: Nestor Tipa Júnior, com informações de Ieda Risco.