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Carlos Simm fala sobre a Evolução da Pecuária no Rio Grande do Sul: Um Olhar Histórico e Atual

O Diário de Vacaria deu sequência à sua série de podcasts sobre pecuária, trazendo novamente um especialista com vasta experiência no setor, Carlos Simm. A conversa abordou a história da pecuária no Rio Grande do Sul, a evolução das técnicas de produção e os desafios enfrentados pelos pecuaristas ao longo das décadas.

Carlos Simm fala sobre a pecuária no Rio Grande do Sul e os marcos importantes como os CITEs

O Contexto Histórico da Agricultura e Pecuária no Rio Grande do Sul

A pecuária no estado tem uma história rica, marcada por momentos de grande transformação. Nos anos 1970, a economia agrícola do Rio Grande do Sul era voltada principalmente para a produção de trigo e para uma agricultura de subsistência. Foi nesse período que ocorreram mudanças significativas, com a introdução da soja e a profissionalização da gestão agropecuária.

Carlos Sim destaca que, naquela época, as Estações Experimentais eram financiadas pelo governo estadual e tinham um papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor. Antes da criação da Embrapa, em 1973, a Secretaria de Agricultura do estado era a principal responsável pela pesquisa e fomento ao agronegócio.

Outro ponto relevante foi a expansão da soja no Rio Grande do Sul. A família que trouxe as primeiras sementes de soja para o estado foi homenageada na última feira Fenasoja, em reconhecimento ao impacto dessa cultura na economia regional.

A Consolidação da Pecuária e a Criação das Feiras de Terneiros

Durante a gestão do então Secretário de Agricultura Getúlio Marcantonio, a pecuária ganhou grande impulso. Ele implementou as primeiras feiras de terneiros, um modelo que se consolidou e se espalhou pelo estado. Até então, a comercialização de bovinos era realizada principalmente em exposições e leilões.

Getúlio Marcantonio foi secretário estadual da Agricultura no governo Synval Guazzelli e presidente da Federação dos Clubes de Integração e Trocas de Experiência (Federacite)

A criação dessas feiras ajudou a valorizar os animais, estabelecendo padrões de qualidade e incentivando a profissionalização do setor. Essa iniciativa foi um marco na evolução da pecuária gaúcha e serviu de modelo para outras regiões do país.

O Desenvolvimento das Pastagens e a Modernização da Produção

Outro aspecto fundamental abordado na conversa foi a evolução das pastagens. Nas décadas de 1960 e 1970, o gado era engordado apenas no verão, o que gerava escassez de carne no inverno. Para suprir essa demanda, o governo mantinha estoques reguladores.

Com o tempo, houve avanços na melhoria das pastagens de inverno, permitindo uma produção mais equilibrada ao longo do ano. Essa mudança contribuiu para aumentar a eficiência da pecuária, reduzindo custos e melhorando a qualidade da carne produzida.

A Criação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (CITEs)

Uma das iniciativas mais inovadoras para o setor foi a criação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (CITEs), inspirados em modelos do Uruguai e da Argentina. O primeiro CITE foi criado em 1974, na cidade de Rio Grande, durante a gestão de Getúlio Marcantonio.

Os CITEs reúnem produtores rurais mensalmente para discutir desafios, compartilhar soluções e trocar experiências sobre tecnologias, produtividade e boas práticas no campo. Esse modelo fortaleceu a organização dos pecuaristas e ajudou a disseminar inovações no setor.

Em 1984, foi criada a Federação dos Clubes CITEs (Federacite), para ampliar a representação e a organização desses grupos. Vacaria se destacou nesse movimento, com clubes ativos que contribuem para a modernização da pecuária na região.

A Criação da Aproxima e a Organização da Cadeia Produtiva

Em 2006, foi criada a Aproxima (Associação dos Produtores dos Campos de Cima da Serra), com o objetivo de estruturar melhor a cadeia produtiva da carne. Diferente de um frigorífico ou de uma cooperativa, a Aproxima não compra nem vende carne, mas intermedeia negociações entre produtores, frigoríficos e o varejo, garantindo transparência e um preço justo para todos os elos da cadeia.

Atualmente, a Aproxima trabalha com sete unidades de negócio, abrangendo diferentes segmentos:

  • Genética bovina e ovina
  • Produção de terneiros e cordeiros
  • Floresta e biomassa
  • Agroturismo
  • Carne bovina e ovina de qualidade superior

Essa estrutura permitiu aos produtores melhorarem sua rentabilidade e oferecerem um produto de maior valor agregado ao mercado consumidor.

Os Desafios Atuais da Pecuária Gaúcha

Apesar de todo o avanço, a pecuária no Rio Grande do Sul ainda enfrenta desafios significativos. Entre eles, destacam-se:

  • Falta de sucessão familiar: Muitas propriedades não tiveram continuidade na gestão, e hoje estão mantidas por idosos sem perspectivas de modernização.
  • Concorrência com grandes redes de supermercados: Pequenos frigoríficos enfrentam dificuldades para competir com grandes grupos que pressionam os preços.
  • Necessidade de organização dos elos da cadeia: A pecuária ainda sofre com desorganização entre produtores, indústrias e varejo, o que impacta na rentabilidade do setor.

O Futuro da Pecuária e a Importância da Integração

Para superar esses desafios, é essencial fortalecer iniciativas como a Aproxima e os CITEs, promovendo maior integração entre produtores, indústrias e o mercado consumidor. O acesso à tecnologia, a adoção de boas práticas e a profissionalização do setor são fundamentais para garantir um futuro sustentável para a pecuária gaúcha.

O Diário de Vacaria segue comprometido em abrir espaço para discussões relevantes sobre pecuária, fruticultura e grãos, valorizando a história e projetando o futuro do agronegócio da região.

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