Caminhão tomba em curva da BR-116 em Vacaria, mata filha e companheira do condutor

Um grave acidente de trânsito registrado na noite deste sábado (25) na BR-116, em Vacaria (RS), resultou na morte da filha (6 anos) e da companheira (47 anos) de um caminhoneiro (42 anos). O veículo de carga tombou ao sair da pista na última curva antes da ponte sobre o rio Pelotas, sentido Vacaria-Lages. O motorista ficou gravemente ferido e foi resgatado com vida. Veja abaixo o local do acidente:

O chamado de emergência foi registrado às 21h40 pelo Corpo de Bombeiros de Vacaria. A curva onde ocorreu o tombamento é considerada crítica, com histórico de acidentes graves, especialmente envolvendo veículos pesados. Uma das hipóteses possíveis é a perda de freios do caminhão, fator que será apurado pela perícia.

Assista a Live do Diário de Vacaria do local do acidente, nos primeiros instantes do trabalho das equipes de emergência

Equipes da Arteris e do SAMU atenderam o condutor com vida

Logo após o acidente, a equipe de emergência da concessionária Arteris, responsável pela BR-116 (Lages), foi a primeira a chegar ao local prestando o atendimento inicial ao caminhoneiro, que apresentava ferimentos graves.

Durante o deslocamento para o hospital, houve o encontro com uma ambulância de suporte avançado do SAMU de Lages, que assumiu o atendimento e conduziu o motorista até uma unidade hospitalar em Santa Catarina. Seu estado de saúde é grave, e ele permanece sob observação médica intensiva.

Mobilização das equipes de emergência

As equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Vacaria, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegaram em seguida, recebendo a informação do óbito das duas passageiras — Heloisa Macedo da Silva, de seis anos, filha do condutor e  Janete Carminda dos Santos, de 47 anos, companheira. As vítimas estavam no interior do caminhão e não apresentavam sinais vitais no momento da chegada dos socorristas.

A cena do acidente foi isolada para o trabalho do IGP – Instituto Geral de Perícias de Caxias do Sul

Local do acidente tem histórico de tragédias

O ponto onde ocorreu o acidente — a última curva antes da ponte do rio Pelotas — é conhecido por motoristas como um dos trecho final de um trecho perigosos da BR-116. A via, em declive é a última alternativa em caso, por exemplo, de uma falha nos freios antes da Ponte do Rio Pelotas.

Veja as imagens do local do acidente realizadas pelo Diário de Vacaria

Há registros de outros acidentes com vítimas fatais no mesmo local, o que levanta questionamentos sobre a necessidade de obras estruturais, como instalação de área de escape.

Perícia técnica foi acionada e está a cargo da Polícia Civil

A Polícia Civil de Vacaria ficou responsável pela investigação do caso e acionou a perícia técnica, que se deslocou de Caxias do Sul. Os peritos coletarão evidências no local para entender a dinâmica do tombamento e confirmar se houve falha mecânica ou outro fator contribuinte.

Entre as hipóteses consideradas estão a falha no sistema de freios, o que pode ter impossibilitado o motorista de reduzir a velocidade antes da curva. Essa hipótese foi sugerida por motoristas que estavam no local, mas ainda carece de confirmação técnica.

Laudo deverá identificar circustâncias

O laudo da perícia deverá esclarecer pontos cruciais, como a velocidade do caminhão, falha mecânica ou qualquer outro fator envolvido na perda de controle do veículo.

Tragédia reacende debate sobre segurança na BR-116

A BR-116 é uma das mais importantes rodovias do Sul do Brasil, com intenso tráfego de veículos de carga. O trecho de serra entre Vacaria e Lages apresenta desafios frequentes, especialmente para motoristas de caminhões em descidas acentuadas.

Quando o silêncio fala mais alto: o retorno difícil das equipes de emergência

Em ocorrências como a da BR-116, onde a tragédia se impõe antes mesmo da chegada do socorro, o trabalho das equipes de emergência vai além da técnica. Quando a possibilidade de salvar vidas se esgota, o que resta é lidar com o peso da constatação, com os olhares calados entre colegas e com o impacto silencioso de mais duas vidas que não puderam ser resgatadas. Voltar para o trabalho nessas noites não é apenas sair de cena — é carregar a cena consigo.

Confira o registro realizado pelo Diário de Vacaria em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros

Bombeiros, socorristas, policiais e agentes enfrentam, diariamente, situações-limite. Mas não há treinamento que prepare totalmente para a impotência diante da morte. Cada corpo encontrado sem vida, cada familiar aguardando respostas, cada cabine retorcida, entre brinquedos, marca profundamente quem atende. Por trás desse trabalho heróico, há profissionais que também são pais, mães, filhos — e que, ao final do turno, precisam encontrar espaço para “digerir” o que viram e continuar.

A sociedade costuma reconhecer os atos heroicos quando vidas são salvas, mas raramente percebe o fardo emocional daqueles que tentaram — e não conseguiram. Nessas horas, o verdadeiro desafio não está na estrada, mas no caminho de volta: atravessar o silêncio da noite e conviver com a dor que, mesmo sem ser sua, passa a fazer parte da sua história.

*Notícia atualizada às 19:18 – 26/10/25