Ano de desafios: o que 2025 ensinou sobre negócios, finanças e o que vem por aí

O fim de ano costuma ser um convite à reflexão. Em Vacaria, às portas de 2026, esse balanço não poderia ser feito sem considerar as turbulências enfrentadas ao longo de 2025. O ano que se encerra impôs obstáculos relevantes, especialmente no campo econômico, mas também abriu espaço para aprendizados que projetam um novo ciclo mais consciente e estruturado.

Foi com esse espírito que o podcast Diário de Negócios e Valores do Diário de Vacaria reuniu três lideranças locais que vivenciaram, de dentro, as movimentações econômicas do município: Vinicius Dapper (gerente da agência Centro), Jhoni Michelon (agência Petrópolis) e Jaibé Pelissari (gerente da agência Glória), todos do Sicredi.

Assista o podcast completo do Diário de Vacaria no YouTube, clicando aqui.

Mais do que apresentar balanços institucionais, o trio compartilhou percepções sobre o comportamento da comunidade diante de um ano marcado por instabilidades externas, adaptações internas e mudanças culturais nos hábitos de consumo e investimento.

Um ano que exigiu adaptação de todos os lados

Na abertura do encontro, Jaibé Pelissari não hesitou em definir 2025 como um ano eclético, atravessado por dificuldades e incertezas. “Todos os segmentos, sejam eles do agronegócio, PJ, PF, assalariado, empresário, passaram por seus momentos de turbulência, seus momentos de dificuldade”, comentou.

O setor do agronegócio, em especial, ainda sofreu reflexos diretos das enchentes de 2024, como ele próprio lembrou: “Ano passado a gente conviveu muito com aquela questão das enchentes, e esse ano também veio um pouco daquela carga ainda. Mês de dezembro ainda estamos lidando com algumas resoluções, uma MP que o governo colocou à disposição dos produtores, para fazer uma equalização em uma parte pelo menos do endividamento.”

Mesmo diante desse cenário, Pelissari destacou que a cooperativa encerra o ciclo com uma percepção de prosperidade, mas sem ignorar os sobressaltos. “Estamos acabando bem este ano, mas ele foi um ano desafiador, sem dúvida nenhuma.”

Entre juros altos e consumo retraído, a economia local resistiu

Vinicius Dapper, ao fazer sua leitura do ano, reforçou a tensão gerada pelas condições macroeconômicas. “Um juro elevado que deu uma segurada na economia, a questão do endividamento do brasileiro… Com todos esses desafios, o crescimento do Sicredi e o posicionamento durante o ano, a gente considera positivo.”

Mas o que sustenta esse equilíbrio? Segundo Dapper, não foram apenas números, mas decisões estratégicas com base no propósito de manter a proximidade com a comunidade.

“Quando algumas instituições olhavam somente o lado financeiro, fechavam agências, o Sicredi se posicionou contrário a isso. Qual é o nosso propósito? Fazer juntos uma sociedade mais próspera.”

Vacaria, nesse contexto, se tornou um exemplo significativo. “Nossa cooperativa passou de 150 mil associados. E Vacaria, trazendo um número atualizado agora, passou de 23.600 associados só no município”, destacou.

Confiança construída: o capital simbólico mais relevante de 2025

Para além dos dados, os convidados retornaram frequentemente à noção de confiança como pilar fundamental da relação entre a instituição financeira e os associados. Um valor que, segundo eles, foi reforçado ao longo do ano.

“A confiança é construída ao longo do tempo”, disse Vinicius. “O que nos orgulha muito é a indicação de associados. Muitas pessoas chegam nos créditos: ‘Ah, eu vim aqui porque o meu vizinho, meu colega de trabalho tem conta aqui com vocês e diz que é bom, que vocês ajudam, o atendimento é próximo.’ Isso nos deixa muito felizes.”

Jhoni Michelon compartilhou do mesmo sentimento, reforçando que essa confiança se estende para os sonhos de vida das pessoas. “Nada mais gratificante do que atender um associado e ver o brilho no olho dele: ‘Quero conquistar minha casa, meu carro, quero que meu negócio cresça’ e tu poder ajudar ele a desenvolver esse sonho.”

Educação financeira e participação ativa: mudança cultural silenciosa

Entre os movimentos importantes do ano, a educação financeira apareceu como um elemento transformador. O Sicredi local alcançou cerca de 5 mil pessoas com ações voltadas ao tema.

Jhoni destacou o impacto desse trabalho no comportamento das famílias: “A educação financeira é muito importante pra gente começar a mensurar e melhorar nossa vida econômica.”

A construção desse novo olhar se mostrou também nas assembleias, que contaram com a participação de 27 mil associados. Um número incomum em tempos de desmobilização social. “Nós tivemos praticamente 20% da nossa base participando da assembleia”, lembrou Jaibé.

O formato virtual foi adotado em 2025, garantindo acessibilidade e dinamismo. “A gente ainda gosta muito do contato humano, tanto que temos três agências físicas. Mas o nosso diagnóstico foi que a assembleia física acaba restringindo a participação.”

Consultoria ativa como resposta à instabilidade

A necessidade de reinventar as abordagens também foi tema recorrente. Jaibé relatou que o papel da instituição em 2025 foi menos comercial e mais consultivo: “A nossa maior conquista do ano foi continuar com essa consultoria pros nossos associados. E quando a gente fala com em consultoria, não é somente dizer sim para todas as demandas.”

Essa consultoria não significa vender mais, mas vender melhor. “É ser um consultor, é ser um apoiador do associado, é poder fazer ele pensar”, definiu.

Vinicius complementou esse raciocínio. “A gente entende o momento difícil. Muitas vezes o cara tava apertado ali, não conseguia honrar um pagamento não por má vontade, mas pela realidade daquele momento. […] A gente conseguiu equilibrar bem as coisas. Achar um meio termo que ficasse bom para todos os lados.”

A palavra do ano e o tom do futuro: de desafio à superação

Ao serem provocados a resumir 2025 em uma palavra, os três convidados foram unânimes na escolha do conceito central: desafio e superação. “2025 foi um ano desafiador, principalmente pelo cenário econômico”, afirmou Jhoni. “Mas nas dificuldades, a gente se desenvolve, aprende a evoluir e achar soluções.”

Jaibé, por sua vez, estendeu o termo também para o que virá:

“Vejo que a palavra superação serve tanto para 2025 quanto para 2026. Em anos eleitorais, a gente sente uma energia diferente, um propósito renovado de trabalho. Não falo de política, mas de um clima que contagia e reflete em casa, no trabalho. Isso traz frutos positivos. Por isso, vejo 2026 como um ano de superação e também de crescimento.”

Encerramento com gratidão e olhos abertos para 2026

Na parte final do episódio, os três líderes fizeram questão de agradecer às pessoas que construíram esse ciclo ao lado da instituição: os associados.

“Gratidão pela confiança. Porque eles confiam realmente nos seus negócios, na sua realidade. Isso é com base na confiança”, declarou Vinicius, que reforçou a importância do relacionamento humano. “Hoje, muitas vezes, a gente cria amizades lá dentro. Conhece a vida pessoal dos nossos associados, assim como eles conhecem a nossa.”

Jhoni reforçou: “O Sicredi está aí, não é só dinheiro, é ter com quem contar realmente.”

Jaibé encerrou com uma ênfase no pertencimento e participação: “Foi um ano que a gente teve muita conexão com os nossos associados, muito propósito em tudo que a gente teve envolvido. Estar presente como mais um no meio da multidão.”