Banho, tosa e saúde: os cuidados essenciais com os pets no verão que você não pode ignorar

Com a chegada do calor, especialistas alertam para a importância de manter uma rotina adequada de higiene e prevenção de doenças de pele em cães e gatos

Verão exige atenção redobrada com a saúde dos pets

Com o verão batendo à porta e as temperaturas subindo, os tutores de animais de estimação precisam estar atentos aos cuidados específicos que a estação mais quente do ano exige.

No episódio do podcast “Diário Pet”, promovido pelo Diário de Vacaria, Lucas conversou com a médica veterinária Dienifer e com a tosadora profissional Gisele, responsável pelos cuidados estéticos da clínica Bicho VIP.

Assista o podcast completo do Diário de Vacaria no YouTube, clicando aqui.

O bate-papo esclareceu dúvidas sobre a higiene, a saúde da pele e do pelo dos pets, além de cuidados preventivos essenciais, como a escovação diária, o uso correto de shampoos, o controle de parasitas e até o impacto da alimentação na qualidade da pelagem.

Banho: estética ou saúde?

Logo no início da conversa, Dienifer foi categórica: “A pele é o maior órgão do corpo, tanto em humanos quanto em animais, então a gente tem que cuidar dele com muita atenção.” E essa atenção não é apenas estética. O banho é um aliado poderoso na prevenção de doenças dermatológicas e desconfortos que podem afetar diretamente a qualidade de vida dos animais.

Gisele explicou que tudo depende da rotina do pet. “Cachorros que passeiam com frequência, vivem em pátios ou têm uma vida mais ativa precisam de banhos mais regulares, até semanais. Já raças de porte grande, que vivem em ambientes mais controlados, podem tomar banho a cada 15 dias.

No caso dos gatos, se eles vivem em apartamentos e têm pelos curtos, não há necessidade de banhos constantes, pois eles fazem sua própria higiene”, afirmou.

Escovação diária é saúde, não frescura

Um dos pontos centrais do episódio foi a escovação diária. Segundo Dienifer, animais de pelo longo devem ser escovados todos os dias. “Quando os pelos embolam, cria-se um ambiente propício para umidade, que favorece a proliferação de fungos e bactérias. Além disso, muitas vezes a única solução nesses casos é a tosa, o que pode ser traumático para o animal.”

Gisele complementou lembrando que o cuidado com os nós vai além do conforto: “A gente recebe animais com o pelo tão embolado que, ao passar a máquina, encontramos feridas embaixo dos nós. Isso não é só estética, é saúde.”

Dermatites, caspas e coceiras: sinais de alerta

Dienifer destacou que os primeiros sinais de problemas de pele geralmente aparecem de forma sutil, como coceiras excessivas ou vermelhidão. “Às vezes a pele nem apresenta feridas ainda, mas o animal já está coçando muito. Isso pode ser sinal de dermatite, alergias ou até infecções bacterianas ou fúngicas”, explicou.

Para identificar corretamente essas condições, ela recomenda exames como a citologia da pele, que ajudam a detectar fungos, bactérias e até sarnas. “É importante observar também a descamação, que muitas vezes as pessoas confundem com caspa, mas pode indicar ressecamento severo.”

Banhos terapêuticos e cronograma capilar para pets

Na clínica, Gisele desenvolveu um cronograma capilar para animais. Sim, como aqueles que humanos fazem para tratar os cabelos. “Cada semana usamos um tipo de produto específico: hidratação, reconstrução ou nutrição, conforme o diagnóstico inicial. Um exemplo é uma cliente que mantinha o cachorro sempre tosado, mas após alguns meses de cronograma, o pelo ficou tão bom que ela optou por não tosar mais.”

Dienifer reforçou que os shampoos terapêuticos ajudam na reposição de nutrientes da pele, especialmente em casos de doenças dermatológicas. “Temos pets alérgicos que precisam de banhos regulares com produtos específicos. Isso melhora muito a qualidade de vida deles.”

Cuidados em casa: o que não fazer

Muitos tutores tentam economizar dando banho em casa, mas cometem erros que prejudicam os animais. O mais comum? Usar shampoo humano. “É um erro gravíssimo. O pH do produto humano é totalmente diferente do necessário para os pets. Isso pode causar alergias, coceiras, ressecamento e até infecções”, alertou Gisele.

Ela também ressaltou a importância de uma secagem adequada. “Nada de deixar o animal úmido. A secagem precisa ser completa, com toalhas e secadores próprios, sempre com cuidado para não assustar o pet, principalmente os filhotes.”

Pulgas e carrapatos: inimigos do verão

Os parasitas são outro desafio do verão. Gisele explicou como a clínica age quando detecta a presença de pulgas durante o banho: “A gente informa o tutor e, se não houver resposta, fazemos um tratamento emergencial para evitar a contaminação dos outros animais.”

Dienifer explicou que apenas 5% das pulgas ficam no corpo do animal. Os outros 95% estão no ambiente, na forma de ovos e larvas. “Por isso, só dar banho ou aplicar um produto imediato não resolve. É preciso usar medicamentos de ação prolongada, que eliminam as pulgas quando elas picam o animal. Assim, a infestação é combatida gradualmente, inclusive no ambiente”, disse.

Ela lembrou ainda que todos os animais da casa devem ser medicados e que, em casos graves, pode ser necessário desinfetar o ambiente com produtos específicos.

Diferenças de pele exigem cuidados personalizados

Outra informação importante compartilhada no episódio é que a pele dos animais varia conforme a raça. “Yorkshires, por exemplo, têm pele oleosa. Gatos também. Já animais alérgicos ou no inverno, apresentam pele ressecada”, explicou Dienifer. Por isso, o tratamento precisa ser adaptado.

Gisele contou que essa avaliação inicial é feita na clínica antes mesmo do banho. “A gente observa se a pele precisa de mais hidratação, nutrição ou reconstrução. Não é um processo aleatório.”

Tosa: mais que estética, uma necessidade

A tosa higiênica foi apontada como essencial, especialmente para cães e gatos de pelos longos. “Eles não conseguem se limpar bem sozinhos, e isso pode causar feridas. Cada tutor tem uma preferência estética, mas o mais importante é a saúde do animal”, afirmou Gisele.

Ela também desmistificou a ideia de que tosar cães de pelo curto reduz a queda de pelos. “Isso não é verdade. Pelo curto cai mais porque o ciclo de crescimento é mais rápido. A tosa não impede a queda. O que ajuda é a técnica chamada ‘cardigan’, que remove o subpelo e melhora a respiração da pele.”

Alimentação interfere diretamente no pelo

A alimentação do pet tem influência direta na saúde da pelagem. “Um tutor comentou que o tratamento da pelagem não estava mais funcionando como antes. Descobrimos que ele havia trocado a ração por uma mais barata. Assim que voltou com a ração de qualidade, a diferença foi notável”, contou Gisele.

Dienifer reforçou: “Quando falta nutrição, o corpo prioriza os órgãos vitais. O pelo, por não ser essencial, perde nutrientes e começa a cair mais.”

Idade certa para o primeiro banho e tosa

Muitos tutores têm dúvidas sobre quando o filhote pode começar a tomar banho fora de casa. A recomendação é clara: só após o ciclo completo de vacinas. “Antes disso, o risco de contaminação é alto.

Mas depois da terceira dose, já pode agendar. Só que o tutor deve buscar o animal assim que o serviço termina, para evitar exposição prolongada”, explicou Gisele.

Verão, sol e proteção: o alerta final

Ao final do episódio, Dienifer deixou um alerta importante sobre os cuidados no verão. “Existem protetores solares próprios para pets, principalmente os de pele clara, que queimam com facilidade. E o câncer de pele também atinge animais, principalmente os brancos.”

A veterinária enfatizou: “O banho, a tosa e a higiene não são só estética. São saúde. Evitar problemas é mais barato e mais saudável do que tratar depois.”