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Coisa de Pai: Como o Gosto por Caminhões criou Filhos e Negócios que Impulsionam Vacaria

A história que ecoa pelos microfones do Diário de Vacaria, no paternal episódio do podcast “Diário na Estrada”, é uma prova viva de como a paixão passada de pai para filho pode se transformar não só em um modo de vida, mas num legado que impulsiona uma cidade.

Coisa de Pai: Como o Gosto por Caminhões criou Filhos e Negócios que Impulsionam Vacaria

Edson Marim Campagnaro, mais conhecido como Peto, é o protagonista de uma saga em que caminhão não é apenas veículo, mas símbolo de tradição, coragem e empreendedorismo que marca o nome da família e o desenvolvimento de Vacaria.

O ponto de partida está nos anos 1960, quando o pai de Peto, Zulmiro Campagnaro, deixa a vida na colônia em Antônio Prado. Movido pelo desejo de buscar novos caminhos, começa lavando caminhões em uma transportadora, ascende a sócio e, finalmente, compra o próprio caminhão.

O casamento e a mudança para Vacaria selam o início de uma linhagem que teria o caminhão no sangue. Entre os quatro filhos, três se ligam diretamente à estrada — seja por profissão ou por casamento —, o que revela um DNA inconfundível de paixão pelo transporte rodoviário.

Infância na Estrada: A Escola Antes da Escola

Para os filhos de caminhoneiro, a boleia do caminhão era tão familiar quanto a sala de aula. Peto relembra que, já aos sete, oito, dez anos, a melhor parte do dia era quando a escola terminava e ele podia embarcar com o pai em novas viagens.

Aquilo era sinônimo de liberdade, de horizontes que se abriam a cada curva. “O caminhão é uma liberdade tão grande que acaba te aprisionando”, comenta, numa síntese perfeita do sentimento de quem vive para a estrada.

O fascínio vinha junto com o senso de responsabilidade. Paradas obrigatórias a cada 80 quilômetros para checar pneus, a convivência com frentistas, cozinheiros e demais personagens dos postos de estrada, o uso do rádio PX para se conectar com outros motoristas — tudo isso ajudou a construir não apenas laços, mas uma visão de mundo baseada na troca e na superação diária de desafios.

Ritos de Passagem: Crescendo na Rédea Curta

Se para muitos a maioridade chega aos 18 anos, para filhos de caminhoneiros ela costuma bater à porta bem antes. Peto narra o rito de passagem: completar a maioridade, correr à delegacia para tirar a carteira de motorista e, não muito depois, receber das mãos do pai o caminhão mais novo e valioso da família — com um aviso claro de responsabilidade:

“O seguro é só contra terceiros. Faz o certo ou encosta o caminhão”. A entrega do caminhão é, ao mesmo tempo, prêmio e prova. Não há zona de conforto: ou você aprende a lidar com o peso da responsabilidade, ou fica para trás.

Nicão, também cresceu sob o olhar do pai caminhoneiro, mas viu o caminho bifurcar. Em sua casa, o incentivo foi para o estudo, mas o universo das cargas e das viagens seguia presente no cotidiano, no porão que servia de escritório da transportadora familiar. Mesmo sem ir para a estrada, o aprendizado era diário.

O senso de responsabilidade se fazia sentir cedo. Como lembram todos no podcast, a geração de seus pais não hesitava em transferir tarefas e confiar desafios aos filhos, algo que hoje, entre tanta superproteção, parece raro. Mas foi essa postura que forjou homens e mulheres mais resilientes, prontos para enfrentar o mundo.

Mudanças na Estrada e o Caminhoneiro do Novo Tempo

O tempo trouxe mudanças radicais para o universo do caminhoneiro. Se antes as paradas eram frequentes para reparar pneus, hoje a tecnologia aliviou parte dos desafios. As relações pessoais nos postos mudaram, o rádio PX perdeu espaço, mas a essência da profissão — feita de encontros, histórias e superação — permanece viva.

As histórias narradas por Peto são exemplos vivos de como cada curva traz uma lição. Da primeira viagem solo, ao ser promovido a caminhoneiro titular, até os percalços como o roubo dos documentos durante uma entrega em Natal, tudo é superado na base da solidariedade entre motoristas e na confiança nas redes de apoio construídas na estrada.

Do Caminhão ao Empreendedorismo: Nasce a Climatizar

Depois de anos na boleia, veio o desafio de mudar de lado no balcão. O irmão de Peto, que começou na estrada antes dele, decidiu abrir uma loja de acessórios para caminhões. Não demorou para perceberem que a experiência de quem rodou o Brasil era vital para inovar.

Assim nasceu a ideia de fabricar climatizadores, tornando a vida do caminhoneiro mais confortável. A empresa Climatizar surgiu desse olhar afiado, evoluindo de um pequeno negócio familiar para referência nacional, sempre fiel ao propósito de servir quem vive na estrada.

Peto reforça: “Hoje, tudo que fazemos é pensando no motorista. A experiência de décadas na estrada é o nosso maior diferencial”.

O portfólio se expandiu, trazendo ar-condicionado elétrico, televisores, geladeiras e outros itens que aliam tecnologia e praticidade, sempre tendo a estrada como principal inspiração. A Climatizar hoje está presente em todos os estados do Brasil, com dezenas de representantes, e é símbolo do espírito empreendedor que move Vacaria.

Vacaria: Terra de Pioneiros e Tradição

O sucesso da Climatizar e de outros empreendimentos familiares ligados ao transporte não é um caso isolado em Vacaria.

A cidade foi, e segue sendo, berço de famílias vindas de Antônio Prado e de outras regiões, trazendo consigo uma cultura de trabalho árduo, coragem para assumir riscos e vontade de fazer a diferença.

O legado da família Campagnaro é o reflexo de muitos outros que ajudaram a transformar Vacaria em polo de transporte e serviços cada vez maior. Não é à toa que a cidade, cada vez mais, é reconhecida por seu dinamismo e pela força de suas empresas no setor.

Solidariedade em Tempos de Crise: O Abraço Vacariano

O compromisso com a comunidade também marca a trajetória de Peto e de seus colegas caminhoneiros. Durante as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, nasceu o movimento “Abraço Vacariano”. O ponto de encontro foi uma quadra de padel, mas logo se transformou em força-tarefa capaz de mobilizar dezenas de caminhões, ônibus, carros 4×4 e mais de cem voluntários.

O pavilhão da empresa do irmão de Peto virou base logística, e juntos conseguiram ajudar centenas de famílias afetadas. O reconhecimento veio, simbolicamente, através de uma honraria da Câmara de Vereadores, mas o verdadeiro prêmio foi a solidariedade que uniu toda a cidade em um momento tão difícil.

Tradição, Inovação e o Futuro da Profissão

Ao final do episódio, a conversa se volta ao papel do pai e do legado que cada um deixa. Fica evidente que o grande orgulho da família Campagnaro — e de tantos outros caminhoneiros — não está apenas no sucesso dos negócios, mas nos valores passados de geração em geração: coragem, honestidade, retidão e, principalmente, a capacidade de enfrentar qualquer estrada, literal ou metafórica.

Peto recorda com emoção o pai, como o grande inspirador. “O maior legado foi a coragem, a retidão. Coisas que levo para a vida toda e tento passar para minha filha.” Mesmo no universo empresarial, a rédea é curta, e a responsabilidade segue sendo o norte.

O exemplo dessa história vai além das estradas. Mostra que tradição não é sinônimo de passado, mas de raiz forte, de base sólida para inovar e crescer.

A Climatizar, e tantas outras empresas nascidas do mesmo berço, são prova de que é possível empreender sem perder a essência. O segredo está em nunca esquecer de onde se veio, e em sempre mirar no que é melhor para todos — especialmente para quem vive, dia a dia, o desafio da estrada.

Reconhecimento, Humor e Celebração

O podcast termina em clima de alegria, com direito a causos engraçados, como o lendário pinguim criado no bairro Planalto, e muitos agradecimentos. A amizade entre Peto, Alemão, Nicão e Lucas evidencia o quanto a estrada, mesmo dura, é também lugar de alegria e parceria.

O convite final é para valorizar quem faz parte dessa história, especialmente os pais. “Aproveitem quem tem seus pais vivos, agradeçam a bênção de ser pai, de poder passar valores e carinho adiante.”

Vacaria segue crescendo, puxada por histórias como esta — de coragem, de família, de trabalho duro e de empreendedorismo genuíno. Porque, no fim das contas, é mesmo coisa de pai.

E é claro, para os caminhoneiros que não puderem estar em casa no Dia dos Pais, fica a certeza de que o amor viaja mais rápido que qualquer caminhão e chega onde precisa estar.

Caminhão, Climatizar, Meu Pai, Motorista

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