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Diário na Estrada mostra por que o Rádio PX segue imbatível entre caminhoneiros

Uma tradição que resiste ao tempo

No mais recente episódio do podcast “Diário na Estrada”, produzido pelo Diário de Vacaria, um dos temas mais emblemáticos do universo dos caminhoneiros foi colocado em pauta: o rádio PX. Conduzido por Lucas, Alemão da Top da Boléia e Nicão da Transmaso, o episódio trouxe à tona a importância desse equipamento de comunicação que, mesmo com os avanços tecnológicos e os recursos dos smartphones, segue sendo indispensável nas estradas brasileiras.

Diário na Estrada mostra por que o Rádio PX segue imbatível entre caminhoneiros

Com um clima descontraído e um tom de conversa entre amigos, o podcast mostrou como o rádio PX se mantém vivo não apenas como ferramenta funcional, mas como símbolo de pertencimento, segurança e tradição entre motoristas.

Desde seu surgimento no Brasil, nos anos 60, até os dias de hoje, esse equipamento se consolidou como elo essencial entre profissionais que vivem o dia a dia das rodovias.

O que é o rádio PX?

Para quem ainda não está familiarizado com o termo, o rádio PX – ou rádio do cidadão – é um dispositivo de comunicação que opera por ondas de rádio, dispensando qualquer tipo de conexão com torres de telefonia ou sinal de internet.

Como explica Alemão, “é o primeiro meio de comunicação no nosso meio, principalmente na estrada”, sendo utilizado desde os anos 60 e se mostrando extremamente útil em regiões com baixa ou nenhuma cobertura de sinal móvel.

Nicão reforça essa ideia ao lembrar que, mesmo hoje, muitos locais onde caminhoneiros trafegam estão fora das áreas cobertas por 3G, 4G ou 5G. “O rádio PX é mais simples e direto. Ele usa ondas de rádio, então funciona onde não tem internet, onde o WhatsApp não chega”, comenta.

Grupos que formam uma comunidade

Em Vacaria, o uso do rádio PX vai além do funcional: ele cria laços e fortalece a cultura dos caminhoneiros. São vários os grupos que se organizam e mantêm contato constante via rádio, entre eles:

  • GPI (Grupo PX da Insônia)
  • GMP (Grupo Mensageiro dos Pampas),
  • GPS (Grupo PX do Sul),
  • GOP (Grupos Piratas),
  • GPR (Grupo Porteira do Rio Grande),
  • CNT (Comunicação Nacional de Transporte) e
  • GES (Grupo Elite Sul).

Lucas ressalta que a intenção do podcast é também valorizar e integrar esses grupos. Caso algum não tenha sido citado, o convite está aberto: basta entrar em contato pelas redes sociais do Diário de Vacaria para que todos possam ser incluídos aqui na matéria e nas próximas edições do programa.

Tradição que se herda

Para além da comunicação, o rádio PX é uma herança cultural. Muitos motoristas começam suas carreiras influenciados pelos pais ou parentes mais velhos, já inseridos nessa cultura. O rádio se torna, então, um dos primeiros acessórios adquiridos para o caminhão.

“É tradição. O pai já tá num grupo, o filho entra na profissão e quer participar também”, comenta Alemão.

Além disso, o ambiente gerado pelos grupos e apelidos – os famosos QRAs – cria uma rede de apoio e uma espécie de micro sociedade, onde todos se conhecem, interagem e se ajudam.

Segurança e companhia na estrada

Entre os aspectos mais valorizados pelos caminhoneiros está a segurança. Nicão, com sua visão ampla da frota distribuída por todo o Brasil, destaca que o rádio PX é um aliado importante: “Qualquer incidente ou risco na estrada pode ser comunicado rapidamente, de forma contínua e direta. É diferente de uma mensagem no WhatsApp, é mais próximo, mais familiar”.

Outro ponto fundamental é a companhia durante as longas jornadas. É comum que motoristas viajem em comboios e passem horas interagindo pelo rádio. Isso não só facilita a troca de informações, mas também ameniza a solidão que caracteriza a profissão. “O rádio é um parceiro da madrugada”, resume Alemão.

Equipamentos que viraram lenda

No episódio, dois modelos de rádios foram apresentados, com destaque para o lendário VR9000 – conhecido como “Dama da Noite”. Com painel iluminado em LED, alta potência e grande alcance, é um dos mais respeitados entre os caminhoneiros. “É um rádio de mais de 30 anos que ainda é referência”, explicou Alemão.

Outro modelo apresentado foi o CB 2432 da Voyager, mais acessível e com potência de 5 W, ideal para distâncias menores, mas ainda funcional para a maioria das situações de estrada.

A diferença entre os rádios está não apenas na potência (e consequentemente no alcance, que pode variar de 10 a 70 km), mas também no preço: de R$ 600 a R$ 3.000, dependendo da marca e das funcionalidades.

Instalação e antenas: detalhes que fazem a diferença

A instalação do rádio PX exige cuidados técnicos. Deve ser sempre ligado em 12 V – nunca em 24 V – e é imprescindível ter um bom aterramento para não danificar o aparelho. Outro item fundamental é a antena.

Foi apresentada uma antena bobinada, também chamada de “antena argentina”, mais compacta e com melhor alcance que os modelos antigos, como a popular “Maria Mole”.

Esses detalhes, muitas vezes desprezados, são essenciais para garantir o bom funcionamento do equipamento e a qualidade da comunicação.

O rádio como refúgio e liberdade

Num momento em que muito se discute a regulação das redes sociais, Lucas levantou uma reflexão pertinente: o rádio PX é um território de liberdade bruta.

Não há algoritmos, censura ou moderação. O motorista fala com quem quiser, como quiser, e frequentemente nem sabe quem está do outro lado. Essa característica o torna, ao mesmo tempo, um espaço de refúgio e liberdade genuína.

Rádio PX: uma ponte entre o passado e o presente

Enquanto o mundo avança em inteligência artificial, metaverso e 5G, o rádio PX continua sendo um elo firme com o passado – e, paradoxalmente, com o futuro.

Em casos de emergência, desastres climáticos e falhas de comunicação, ele permanece sendo uma das ferramentas mais confiáveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, há sistemas que utilizam rádios comuns para enviar alertas automáticos de tornados e outros eventos climáticos severos.

O que parece rudimentar à primeira vista, é na verdade um símbolo de resiliência tecnológica. “É o simples que funciona”, resumiu Nicão.

Cultura, vocabulário e identidade

O rádio PX não é só um canal de voz. É um universo com linguagem própria, apelidos, códigos e expressões. Palavras como “câmbio positivo”, “QRA” e outras tantas fazem parte de um dialeto único, construído ao longo de décadas. Segundo os participantes do podcast, é essa linguagem que fortalece ainda mais a identidade dos caminhoneiros.

“O rádio amador foi talvez o principal responsável pela criação dessa língua dos motoristas”, comentou Nicão.

Encontro de gerações e histórias de vida

O episódio ainda tocou em pontos emocionais e humanos, como o fato de muitos ex-motoristas manterem rádios PX em casa apenas para escutar conversas e matar a saudade dos tempos de estrada. Há quem diga que o rádio nunca se desliga totalmente, e a comunidade de Vacaria parece comprovar isso todos os dias.

Histórias de infância, como a de Gabriel (que trabalha aqui no Diário de Vacaria) e aprendeu o vocabulário dos caminhoneiros ouvindo o rádio ao lado do pai – o famoso “Cachorro Feio” – demonstram como o PX faz parte da formação de identidade e da memória afetiva de muitas famílias.

Festa dos Caminhoneiros e novidades no podcast

Para os ouvintes que acompanham o universo dos caminhoneiros em Vacaria, um lembrete importante: está marcada para o dia 6 de setembro de 2025 a escolha da Rainha, Princesa e Miss Simpatia da Festa dos Caminhoneiros. As inscrições já foram encerradas.

Além disso, o podcast “Diário na Estrada” promete trazer novas edições com convidados especiais, histórias reais e aprofundamentos sobre temas importantes da vida na estrada.

Uma homenagem à cultura do asfalto

O episódio encerrou com agradecimentos aos grupos de PX, menções especiais, e até um momento romântico: Nicão mandou um beijo para sua “Cristal”, sua esposa, que estava de aniversário.

E assim, entre expressões típicas, equipamentos técnicos, e histórias emocionantes, o Diário de Vacaria fez um retrato fiel de um dos maiores patrimônios da cultura caminhoneira.

O rádio PX é, sem dúvida, mais que um aparelho – é uma ponte entre vozes, almas e vidas que se cruzam nos quilômetros de estrada que unem o Brasil.

BR-116, BR-285, Diário na Estrada, PX, Rádio Amador, Vacaria

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