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No mês do trabalhador, sindicatos de Vacaria relatam sua história, avanços e desafios atuais

No mês de maio, período dedicado às reflexões sobre o trabalho e os trabalhadores, o Diário de Vacaria recebeu os representantes dos principais sindicatos da região dos Campos de Cima da Serra. O objetivo? Revisitar as histórias dessas entidades, descobrir suas conquistas e entender os desafios que cada um vive no momento atual.

No mês do trabalhador, sindicatos de Vacaria relatam sua história, avanços e desafios atuais

A conversa foi conduzida em formato de podcast e reuniu lideranças sindicais de diferentes categorias — do meio rural à educação, dos bancários aos comerciários, dos servidores públicos à construção civil. O resultado foi um retrato dos sindicatos que estão na defesa dos direitos dos trabalhadores.

Trabalhadores rurais destacam origem em 1963 e avanços em políticas públicas

O primeiro sindicato ouvido foi o dos Trabalhadores Rurais de Vacaria e Muitos Capões. O presidente Sérgio Poleto relatou que a entidade foi fundada em 23 de abril de 1963, no distrito de Ipê, então pertencente a Vacaria. Segundo ele, o sindicato surgiu diante da necessidade de organização dos agricultores familiares, que buscavam acesso à aposentadoria e a políticas agrícolas.

Entre as conquistas mencionadas, estão o direito à aposentadoria para homens e mulheres com salário mínimo, a inclusão de auxílios como maternidade e acidente de trabalho, além da obtenção de crédito fundiário e financiamento agrícola. Poleto também destacou a formalização da primeira convenção coletiva da categoria em 1994, voltada para os assalariados rurais.

Atualmente, o sindicato relata preocupação com o aumento de casos de adoecimento entre trabalhadores, especialmente relacionados ao uso de agrotóxicos. Uma pesquisa local sobre casos de autismo em crianças será divulgada em agosto, segundo o dirigente. Também foram citadas perdas de direitos após reformas trabalhista e previdenciária.

Sindicato dos Bancários relata fechamento de agência e mudança no perfil da categoria

Orimar Luis Pizzamiglio, representante do Sindicato dos Bancários de Vacaria e Região, informou que a entidade completou 35 anos em maio de 2025. Com atuação em nove municípios, o sindicato atende aproximadamente 150 associados de diversos bancos.

Durante a entrevista, Pisamiglio comunicou o fechamento da agência do banco Santander em Vacaria e a demissão de todos os funcionários da unidade, fato que ocorreu no mesmo mês do aniversário da entidade. Segundo ele, medidas estão sendo estudadas para apoio jurídico aos trabalhadores.

Entre as conquistas da categoria, foram citadas a jornada de trabalho de seis horas diárias, a convenção coletiva nacional e benefícios como plano de saúde e folgas por assiduidade. O principal desafio atual, de acordo com o sindicato, é o impacto da digitalização bancária, que tem reduzido postos de trabalho e alterado a função dos trabalhadores do setor.

CPERS aponta desmonte do plano de carreira e privatização de escolas como principais desafios

O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) foi representado por Osmar Emílio Mussato e Joara Dutra Vieira. A entidade estadual completou 80 anos em abril. Em Vacaria, o núcleo regional é o 30º entre os 42 existentes no estado.

Mussato relatou que o plano de carreira dos professores foi instituído em 1974. Outras conquistas destacadas foram a aposentadoria especial para docentes com 25 anos de sala de aula e a eleição direta para cargos de gestão escolar, a partir da chamada “gestão democrática”, implementada em 1995.

Em relação aos desafios atuais, os representantes apontaram a reforma no plano de carreira promovida em 2019 como um retrocesso. Segundo eles, o novo modelo reduz vantagens adquiridas e afeta aposentados. Também foi citada a preocupação com a proposta do governo estadual de repassar a gestão de escolas públicas à iniciativa privada.

Sindicato do Comércio cobra mudança na escala 6×1 e relata dificuldades em negociações

O Sindicato dos Empregados no Comércio de Vacaria (Sindicom) foi representado por Guilherme Boeira, conhecido como Armandinho. A entidade foi criada em 21 de fevereiro de 1989 e tem atuação voltada à defesa dos direitos dos comerciários.

Durante a entrevista, Boeira afirmou que a pauta prioritária do sindicato atualmente é a extinção da escala 6×1. Ele argumenta que a carga de trabalho compromete o tempo de descanso dos funcionários, com impacto sobre a saúde mental e a vida familiar.

O Sindicon também relata dificuldades nas negociações com o sindicato patronal local. De acordo com Boeira, a proposta de convenção coletiva foi apresentada pela federação estadual em março, mas ainda não recebeu resposta efetiva. O sindicato também destacou como conquistas o auxílio-creche, auxílio-escola, triênios, quinquênios e atendimento jurídico.

Servidores municipais negociam reajustes e cobram piso nacional para professores

A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Vacaria (SIMVA), Olívia Maciel Carraro, informou que a entidade completa 35 anos em junho de 2025. Segundo ela, o SIMVA representa atualmente cerca de 1.542 servidores públicos.

Entre os avanços mencionados estão a ampliação de convênios com o comércio local, a implementação de um cartão digital para uso em estabelecimentos e o atendimento em plantões aos finais de semana. Na última negociação salarial, o sindicato informou que conseguiu reajuste de 8% para os servidores e 9% para os professores, além de aumento no vale-refeição.

Um dos principais pontos de reivindicação é o pagamento do piso nacional da educação, ainda não implementado no município. Segundo a presidente, há também preocupação com os salários abaixo do mínimo em algumas funções, que são complementados por medidas provisórias, dificultando a incorporação de benefícios futuros.

Sindicato da construção civil ressalta acordos anuais e benefícios coletivos

Encerrando a rodada de entrevistas, Arionildo da Fonseca Santos, conhecido como Juruna, representou o sindicato dos trabalhadores da construção civil e da marcenaria de Vacaria. Segundo ele, a fundação da entidade remonta a agosto de 1958.

Entre as principais conquistas, Juruna destacou a aquisição da sede própria em 1973 e a assinatura de acordos coletivos anuais com cláusulas que garantem benefícios como prêmio por assiduidade, cestas básicas, seguro de vida e adicionais salariais por tempo de serviço.

O dirigente informou que as negociações para o dissídio coletivo de 2025 estão em andamento e que o objetivo é obter reajustes acima da inflação. Segundo ele, há espaço para ampliar o número de associados, atualmente estimado em cerca de 150 trabalhadores.

Conjuntura aponta retração de direitos e necessidade de articulação permanente

A série de entrevistas indicou que, embora os sindicatos da região tenham histórico de conquistas importantes, muitos enfrentam dificuldades para manter direitos previamente adquiridos. As reformas previdenciária e trabalhista, associadas ao avanço da digitalização em alguns setores, foram citadas como fatores que impactam diretamente a atuação sindical.

As lideranças também demonstraram preocupação com o distanciamento de parte da população em relação aos sindicatos, o que pode dificultar a articulação em torno de pautas coletivas. Ainda assim, todas as entidades reafirmaram a intenção de seguir em negociação com o poder público e as empresas privadas, com o objetivo de preservar e ampliar os direitos dos trabalhadores.

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