No Podcast Espaço do Esporte, Esmeralda mostra a força do interior nas lutas e nas quadras

No mais recente episódio do podcast do Diário de Vacaria, os microfones se abriram para dar voz à força esportiva de Esmeralda, município pequeno em população, mas gigante em dedicação ao esporte. Lucas Barp e Fernandinho Maciel, receberam convidados especiais, o programa mostrou como o trabalho voluntário, a paixão e o comprometimento têm transformado vidas por meio da prática esportiva.

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O destaque foi para o presidente do Conselho Municipal do Desporto – CMD de Esmeralda, Estevão, figura essencial há mais de 20 anos na promoção do esporte local. De forma humilde, mas assertiva, ele compartilhou sua trajetória após deixar o Exército e se dedicar de maneira voluntária ao esporte. Com seu incentivo, projetos importantes como a escolinha de futsal do professor Jhony Bhrem e o centro de lutas coordenado pelo professor Luis Antônio da Silva floresceram.

Esporte como missão de vida

O professor Luis Antônio, nome já conhecido no meio das artes marciais, trouxe ao podcast um relato impressionante de resiliência e dedicação. Nascido em Guarulhos (SP), ele encontrou em Esmeralda o terreno fértil para retomar sua paixão pelo Muay Thai após anos afastado. E o retorno não poderia ter sido mais impactante: com projetos sociais sustentados por recursos próprios, hoje atende 32 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

Mais que treinar atletas, ele ensina disciplina, autocontrole e respeito. A filosofia de que “quem luta, não briga” norteia seu trabalho e já começa a render frutos expressivos. Seu aluno Rodrigo Valtrique foi premiado como destaque do esporte gaúcho, e a atleta Renata, bicampeã gaúcha de Muay Thai, também foi reconhecida.

Do tatame ao palco internacional

A atuação de Luis Antônio transcende as fronteiras regionais. Em 2024, ele realizou 12 seminários em estados como Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, levando a expertise desenvolvida nos campos da Serra para outros cantos do Brasil. Reconhecido internacionalmente, entrou para o livro “Os Grandes Mestres das Artes Marciais da Europa e América”, disponível na Amazon, e representa oficialmente a Federação Internacional de Educação Física.

Com essa bagagem, ele projeta para julho deste ano o Campeonato Brasileiro de Muay Thai em Esmeralda, evento que deve movimentar a economia local e colocar o município em evidência no cenário esportivo nacional.

Futsal de base e educação como pilares

Se nas lutas Esmeralda já mostra força, no futsal não é diferente. O professor Jhony, formado em Educação Física e com especialização em Carlos Barbosa — referência mundial no futsal — lidera uma escolinha que hoje atende mais de 100 alunos em sete categorias. O trabalho, que começou numa garagem, cresceu com a ajuda da prefeitura e da comunidade, e hoje é exemplo de organização e resultado.

Segundo Jhony, a evolução técnica dos jovens já é visível. Mesmo com recursos limitados e um número reduzido de atletas, suas equipes competem de igual para igual com cidades muito maiores. Isso se reflete nas disputas da Amucser, competição regional em que Esmeralda tem se destacado. A fusão de categorias e o reaproveitamento de atletas mostram a habilidade de um treinador em extrair o máximo de cada jogador, mesmo diante de desafios logísticos e estruturais.

O poder das conexões e da estrutura

A união de esforços é um dos segredos do sucesso. O presidente Estevão não apenas apoia, como articula parcerias e fortalece as bases legais dos projetos. A formação de associações esportivas — como a de Luis Antônio — abre portas para captação de recursos via leis de incentivo ao esporte. Em Vacaria, por exemplo, um projeto recente arrecadou R$ 200 mil com esse modelo.

Luis Antônio destacou que a criação de sua associação possibilitou a organização de eventos nacionais e a filiação a entidades internacionais ligadas diretamente à Tailândia, berço do Muay Thai. Isso garante legitimidade e um caminho mais curto até campeonatos sul-americanos e mundiais.

Eventos que movimentam a região

O calendário esportivo na região está em movimentado. Em Vacaria, os campeonatos de kart e tênis juvenis recentes foram sucesso absoluto de público e organização. A Taça Cidade de Futsal Masculino, começa na próxima semana, com equipes de fora, como Esmeralda, Monte Alegre dos Campos e Antônio Prado. Pela primeira vez, haverá uma versão feminina do torneio, marco histórico para a cidade.

Em Esmeralda, os preparativos para o Campeonato Brasileiro de Muay Thai seguem intensos. O evento trará atletas de várias partes do Brasil e promoverá disputas de cinturão sob a chancela da nova confederação fundada por Luis Antônio. A cidade, tradicionalmente conhecida pelo laço e pela cultura campeira, agora começa a se reinventar como polo das artes marciais.

Educação, reconhecimento e legado

A importância do esporte como ferramenta de transformação social foi um tema recorrente no episódio. O reconhecimento de professores como Marcílio Vicente Pacheco e Emanuel Ariosto, que receberão honrarias da Federação Internacional de Educação Física em julho, reforça o papel da escola como berço de talentos e cidadania. A formação esportiva é, antes de tudo, formação humana — e em Esmeralda, isso é levado a sério.

A união entre CMD, prefeitura, professores e comunidade mostra que é possível sim fazer esporte com qualidade em pequenos municípios. E o podcast do Diário de Vacaria cumpre seu papel ao dar visibilidade a essas histórias que, embora muitas vezes anônimas, transformam realidades.

Da garagem à Confederação: esporte como projeto de vida

Para além de resultados e medalhas, os relatos de Estevão, Luis Antônio e Jhony nos lembram que esporte é projeto de vida. É disciplina, inclusão, saúde e futuro. É garantir que crianças tenham oportunidades melhores do que seus pais tiveram. É, também, colocar no mapa nacional cidades como Esmeralda, que provam que o tamanho não está nos números, mas na determinação de sua gente.

Como disse Fernandinho, o esporte é saúde — e saúde é para todos: atletas, professores, apoiadores e para o próprio município. Que iniciativas como essas inspirem outras cidades e que mais histórias como essas ganhem os microfones, as manchetes e, principalmente, o reconhecimento que merecem.